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Mestrado em dança no exterior: bolsistas Erasmus contam experiência no Choreomundus

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Choreomundus, Cohort 7, na primeira semana de aulas em Clermont Ferrand, França (Arquivo pessoal/Naiara M. R. G. de Assunção)

O Choreomundus é um programa do Erasmus Mundus Joint Masters Degree (EMJMD) que concede bolsas para um mestrado em dança no exterior em vários países da Europa. A bolsa é super boa, e, acredite: não é impossível conseguir, não! Neste post trouxemos o relato de duas brasileiras que estão participando do programa.

Bolsas nas áreas das artes

A Tainá Louven e a Naiara Müssnich Rotta começaram o curso em setembro de 2018. Elas nos contaram tudo sobre como foi a seleção e como está sendo a experiência de ser bolsista Erasmus e estudar na Universidade de Clermont Auvergne, na França; na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, na Noruega; na Universidade de Szeged, na Hungria; e na Universidade de Roehampton, no Reino Unido.

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Bolsistas relatam experiência no mestrado em dança no exterior

Para a nossa alegria (momento orgulho!), as duas tomaram conhecimento do edital do Choreomundus através do Partiu Intercâmbio! 😀

A Tainá passou na seleção quando estava terminando o mestrado aqui no Brasil. Ela já tinha feito cursos curtos no exterior, mas tinha o sonho de morar fora por mais tempo. Então, se cadastrou para receber a newsletter do Partiu e ficou sabendo sobre o programa.

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Naiara na Noruega (Arquivo Pessoal)

“Lia sempre as oportunidades de bolsa e comecei a ver chover bolsas do Erasmus Mundus! Quando li sobre o Choreomundus vi que era tudo o que eu queria: um curso em artes e antropologia, em várias cidades interessantes e com uma bolsa que me possibilitava cobrir todos os meus gastos”, conta.

Entre a “descoberta” e o processo de application, ela não teve muito tempo: cerca de dois meses. Além das traduções juramentadas e apostilamentos no cartório, ela teve que fazer a prova do IELTS. O inglês é a língua oficial desse mestrado em dança no exterior e, por isso, eles exigem um certificado comprovando o conhecimento. Aliás, todas as bolsas Erasmus costumam ter esse requisito.

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Envio do certificado de inglês depois do prazo

Quanto decidiu aplicar, a Tainá não tinha o IELTS e não conseguiu agendar a prova a tempo do deadline. Porém, isso não foi um problema porque o Choreomundus permite que o interessado envie o certificado meses depois da candidatura. E essa é uma boa dica: às vezes a gente se apavora, mas alguns programas realmente não exigem isso na hora da candidatura.

Voltando ao relato da Tainá, ela contou que a parte mais difícil da application foi escrever um artigo em inglês: “Fiquei receosa de não estar bom o suficiente, fiquei achando que não estava legal para o padrão do curso”. Bom, tanto estava que ela passou! Muita gente nem se candidata a bolsas por motivos como esse – apenas parem!

Além do artigo, os candidatos também precisam enviar cartas de recomendação, uma carta de apresentação e fazer um vídeo com seus trabalhos artísticos. Parece bastante coisa (e realmente é) e o ideal é sempre se preparar com antecedência, mas casos como o da Tainá mostram que se organizando bem também rola em pouco tempo.

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Como funciona o programa

Depois que recebeu a notícia da aprovação, Tainá comemorou, mas também correu para terminar o mestrado e preparar tudo para a partida. O curso começa com duas semanas intensivas em Clermont Ferrand, na França. Depois, uma parte dos estudantes vai para Szeged, na Hungria e outra para Trondheim, na Noruega. Nesse período também acontecem cursos breves nos dois países, para que os dois grupos conheçam as duas universidades.

Em junho, os estudantes vão para um local de sua escolha para fazer o trabalho de campo para a dissertação. No segundo ano, que começa em setembro, a turma inteira estuda na França durante um semestre e em Londres, na Inglaterra, no outro.

“Como ainda estou no primeiro ano [na Hungria], já fiz muitas viagens, mas só me mudei mesmo uma vez. Gosto muito da ideia de morar um pouco em cada lugar, para mim a novidade compensa qualquer estresse. É muito gostoso explorar um lugar novo com calma, fazer novas conexões e descobrir coisas novas para aprender em cada etapa do programa”, relata.

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Diversidade dos participantes é um dos pontos positivos

Nesse período, a Tainá já fez muitas amizades e está aprendendo muito com colegas vindos de vários países, contextos e áreas de estudo. Segundo ela, “a melhor coisa do Erasmus Mundus é exatamente a diversidade dos alunos”. Além disso, também está achando muito interessante a conexão da arte com a antropologia e enriquecedora a presença de professores convidados de vários lugares do mundo.

“Recomendo o Choreomundus para artistas, pesquisadores de cultura, antropólogos e qualquer pessoa curiosa e aberta à novidade, com vontade de se deparar com as dúvidas e com o coração aberto para mudar de ideia. Tem que ter muita empatia, flexibilidade e atenção às questões sociais e políticas do seu país e dos outros”.

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Tainá e seus colegas na Hungria (Arquivo pessoal)

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Planejamento financeiro é essencial mesmo com bolsa

A Naiara também estava terminando o mestrado no Brasil quando aplicou para o Choreomundus. Ela fazia mestrado em História e trabalhava em uma escola de dança – já tinha uma trajetória como pesquisadora e bailarina.

Ela ficou sabendo sobre o mestrado em dança no exterior pouco mais de um mês antes do prazo de candidatura. Isso significa que teve ainda menos tempo para preparar a application. Da mesma forma que a Tainá, o fato de poder fazer o IELTS depois da data facilitou o processo.

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Naiara em uma manhã do inverno Norueguês (Arquivo pessoal)

Um ponto importante do relato da Naiara é sobre a questão financeira. As bolsas dos programas Erasmus são muito boas e cobrem todos os gastos. No entanto, mesmo assim, é preciso se organizar bem. Isso porque o valor não é pago no momento do aceite. Ela contou que até receber a primeira parcela da bolsa, gastou com tudo mais de oito salários mínimos.

“Neste processo todo, creio que o dinheiro foi a parte mais complicada. Para a minha sorte e privilégio, eu tinha uma boa poupança, com a qual pude pagar os custos das traduções juramentadas, do IELTS, do visto de residência para a Noruega, das passagens de avião e as primeiras semanas de estadia aqui até o recebimento da bolsa”.

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Sobre a “função” de ficar mudando de país

Há outra questão importante a se considerar, não só por quem se interessa pelo mestrado em dança no exterior. Todos os programas EMJMD são resultado de parcerias de universidades europeias e os estudantes obrigatoriamente precisam passar por todas (ou quase todas) as instituições. É verdade que a ideia de morar em diferentes lugares em pouco tempo parece muito legal, mas nem tudo são flores.

Fazer vários processos para obtenção de visto, encontrar lugar para morar em cada cidade, passar por um processo de adaptação atrás do outro… Acredite: não é nada fácil! E esse é um relato que ouvimos de muitos estudantes Erasmus Mundus. A Naiara fez esse alerta: “Ainda não vivi completamente todos os estágios das mudanças, mas posso garantir que, apesar de ser uma experiência incrível, tem seu alto grau de estresse”, contou.

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Em relação ao visto, cada ponto de residência demanda um diferente. Com o passaporte brasileiro, é possível ficar na área Schengen sem visto por apenas seis meses. Além disso, o processo pode custar caro. “Tive que ir ao Rio de Janeiro tirar o visto de residência norueguês e custou 500 euros”, afirmou Naiara. Já os colegas que foram para Hungria tiveram mais sorte, pois o visto de residência custou por volta de R$ 100 reais e não havia nenhum trâmite para fazer no consulado ou na embaixada.

Isso com relação ao visto para o país da primeira residência. Os outros vão sendo solicitados na Europa mesmo, na cidade onde o estudante estiver. A Naiara também contou que “o auxílio da universidade é o básico, fornecendo informações sobre os processos e a documentação necessária, mas toda a função dos trâmites e valores são por nossa conta”.

Quanto à moradia no Exterior, ela disse que a ajuda disponibilizada nos processos de mudança varia de universidade para universidade. Algumas têm residência estudantil, outras simplesmente recomendam que você procure uma casa por conta própria. Acontece que, como ficam pouco tempo em cada lugar, os bolsistas acabam pagando valores de aluguel beeeem altos.

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É preciso estar preparado para a “aventura”

A Naiara também destacou a comunidade de estudantes como a maior riqueza do Choreomundus: “Somos pessoas do mundo inteiro, com as mais diversas formações e competências nas mais diferentes danças. Creio que o principal critério de seleção seja justamente essa diversidade”.

Para quem tem vontade de fazer um mestrado em dança no exterior, a primeira recomendação da Naiara é se informar atentamente sobre o programa para saber o você vai encontrar. Morar em quatro cidades europeias pode ser uma ideia muito atrativa, mas também “pode gerar as mais incríveis frustrações se tu não vieres preparado tanto para o que as universidades te exigem quanto para o que o convívio social com pessoas e lugares tão diversos acarretam”, alertou.

Pela experiência que a Naiara está vivendo, ela recomenda o programa para quem “está REALMENTE aberto às diferenças, às frustrações, às novidades, aos estresses e à aventura que é viver uma vida nômade, longe da tua família, dos teus amigos, da tua cultura, da tua comida, do teu conforto”.

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Durante o intercâmbio, a Tainá diz que o mais importantes é ter autonomia. “Ninguém vai te cobrar nada até o momento de entregar os artigos ou fazer as provas, o que dá muita liberdade em relação aos horários e formas de estudo. Mas também ninguém vai pegar na sua mão e te conduzir, o que significa andar com as próprias pernas e aproveitar as brechas para se aprimorar. É correr atrás e matar um leão por dia, em vários sentidos, mas toda a aventura vale a pena demais. No fim do dia, super cansada, olho pela janela e penso que era exatamente aqui que eu queria estar e que, se precisasse, faria tudo de novo”, conclui.

Sobre o Choreomundus

O curso propõe uma análise da dança e de outras modalidades que envolvem movimento (teatro físico, rituais, artes marciais, jogos) como patrimônio cultural imaterial nos contextos da antropologia da dança e dos estudos sobre patrimônio.

Ele é resultado de uma parceria entre quatro universidades europeias. A sua língua oficial é o inglês e o curso tem duração de dois anos. Para saber tudo sobre o edital desse mestrado em dança no exterior, você pode acessar o post sobre essa bolsa no nosso buscador.

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Sobre o autor

Jaqueline Crestani

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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