Como fazer doutorado no Exterior thais sarda partiu intercambio

Como fazer doutorado no Exterior? seis passos para conquistar uma vaga

thais sarda ganhar bolsa doutorado no exterior
Thaís Sardá vai fazer doutorado em Mídia no Reino Unido

O Partiu Intercâmbio raramente fala de fazer doutorado no Exterior. O motivo é meio óbvio: eu (a Bruna) nunca fiz doutorado, então, pra mim falar do assunto não é tão fácil quanto de outros processos que eu conheço super bem. Mas faz algumas semanas, a Thais Sardá entrou em contato comigo porque, depois de ser aprovada para fazer doutorado na Loughborough University, no Reino Unido, dúvidas e mais dúvidas de gente que queria fazer o mesmo pipocaram nas redes sociais dela.

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A Thais é jornalista, fez graduação e mestrado na UFRGS e trabalhou um tempão no maior jornal de Porto Alegre. No ano passado, ela se mudou para a Bélgica e de lá começou a se aventurar atrás de uma vaga de doutorado (ou Ph.D) pela Europa. No lugar de dividir as dicas só com os amigos por e-mail, ela gentilmente se prontificou a escrever um texto pro Partiu Intercâmbio contando todos os detalhes da busca por uma vaga para fazer doutorado no Exterior. O texto está super detalhado e é uma das coisas mais esclarecedoras e metódicas que eu já vi sobre como conseguir uma vaga para fazer doutorado na Europa – gente, a Thais foi uma mãe pra vocês! O mais importante é que está aqui a prova de que o trabalho é árduo, mas conseguir uma vaga é perfeitamente possível de conseguir se você focar e se esforçar.

>> Bolsas para fazer pesquisa no Exterior


Como o post ficou longo, para facilitar, é só clicar direto em qual dos seis passos para fazer doutorado no Exterior  você deseja ler. Dica: eu aconselho a ler tudo de cabo a rabo! 🙂

Como fazer doutorado no Exterior


Check-List
 | Como elaborar o projeto | Onde e como encontrar vagas |  Dicas para o primeiro contato | O processo de inscrição | O processo de seleção


“De partida, aviso que as dicas são muito formais, metódicas e quadradas. Espero não ter desestimulado você quanto ao texto, mas é verdade. Infelizmente, a Academia é muito apegada a normas — e os pesquisadores europeus são ainda mais formais do que os brasileiros. Além disso, talvez as minhas sugestões se encaixem melhor nas vagas de Humanas do que Exatas ou Saúde, porque as dinâmicas de seleção podem variar bastante. Também tive contato com processos europeus (Bélgica, Alemanha, Holanda, Inglaterra e Irlanda), por isso não posso falar das particularidades das instituições americanas, canadenses e australianas (que oferecem muitas vagas). Mesmo assim, espero que as dicas sejam úteis a todos.

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Check-list para fazer doutorado no Exterior: tenha os documentos necessários

Nesta lista, confira tudo o que você precisa ter em mãos antes de começar a procurar as vagas para fazer doutorado no Exterior. Sem isso, vai ficar complicado completar o processo.

1) Tradução de documentos

Comece o processo sabendo que você vai gastar com tradução juramentada. Não tem jeito. O preço é tabelado e é alto (justo, porém alto), mas o bom é que você só precisa fazer isso uma vez, não tem prazo de validade. Em muitos processos, você precisa enviar esses documentos ainda na primeira etapa. Sugiro que você encaminhe a tradução de seus diplomas de graduação, pós e mestrado. Eu traduzi também meus históricos, a minha láurea acadêmica da graduação e o meu louvor no mestrado. Nem todas as seleções exigiam os históricos, mas acho melhor ter (especialmente, se forem bons).

2) Teste de inglês

Mesmo em países em que não é a língua oficial, como Alemanha, Holanda e Bélgica, a língua da Academia é o inglês. Saber inglês não é opcional. O Ielts e o TOEFL são os testes mais aceitos, e o mínimo exigido é estabelecido pela universidade (na minha, por exemplo, a nota 6,5 no Ielts era o mínimo). Vale lembrar que os testes têm validades distintas. O Ielts, por exemplo, é válido por dois anos. Então, não adianta fazê-lo muito antes das inscrições. Deixe para quando estiver com toda a documentação completa, mas antes de começar de fato a procurar pelas vagas.

>>> Bolsa do governo irlandês para doutorado na Irlanda 

3) Projeto de pesquisa

Normalmente, as seleções exigem que você envie o seu projeto de pesquisa para a instituição. Por isso, é importante que você desenvolva o seu projeto, em inglês, de acordo com o tema que você quer pesquisar. A estrutura é muito parecida com a exigida nas seleções de pós-graduações brasileiras. No item após este check-list, vou detalhar o meu projeto para você ter uma ideia antes de montar o seu.

o que define mesmo se a vaga é sua ou não é o projeto. Os pesquisadores que tiverem contato com seu research plan precisam se apaixonar pelo tema e se sentir motivados e desafiados

4) Cartas de recomendação

Nunca havia deparado com essa necessidade no Brasil, mas nas universidades europeias é uma prática muito comum. Basicamente, você precisa pedir a pelo menos dois professores que escrevam uma carta de recomendação para você, explicando como você foi um aluno diferenciado e porque seria um bom acréscimo à qualquer universidade. A carta precisa ser em papel timbrado, em inglês e assinada. Lembre-se de pedir isso com antecedência para o seu orientador e/ou para os professores com quem mais teve contato na vida acadêmica, para não precisar apressá-los se tiver um prazo pequeno. Mantenha a carta com você, mas deixe os professores cientes de que em alguns casos a universidade pode entrar em contato diretamente com eles. Foi o meu caso, porque a universidade mandou e-mail para os dois, que foram muito solícitos e responderam bem rápido.

>> O que é uma boa carta de recomendação

5) Cover letter ou carta de motivação para seleção de doutorado no Exterior

Esta também é uma prática incomum no Brasil, mas muito recorrente em qualquer seleção europeia (para o mercado ou para a Academia). Basicamente, não tem como fazer seleção para fazer doutorado no Exterior sem mandar a cover letter (também chamada de “carta de motivação”) é uma carta na qual a pessoa se apresenta, de uma maneira muito formal, aos avaliadores. Correndo o risco de soar quadrada demais (por favor, sinta-se à vontade para fazer diferente, porque é só uma sugestão mesmo), esta carta precisa ter basicamente cinco parágrafos (uma página ou pouco mais do que isso).

Sugestão de estrutura para carta de motivação para fazer doutorado no Exterior

No primeiro, você precisa fazer uma introdução resumida de quem você é (nome, nacionalidade, residência, formação e experiência) e porque está escrevendo (o interesse na vaga x do departamento Y da universidade Z). No segundo, um resumo da vida acadêmica, com os objetos de pesquisa estudados. No terceiro, a experiência profissional, com nomes de empresas e funções. No quarto, você precisa explicar com objetivamente o seu projeto de pesquisa e porque almeja estudá-lo especificamente naquela universidade (se puder citar como seu background lhe qualifica para isso, melhor). E no quinto, faça um fechamento, sugerindo que se considera apto a ocupar aquela vaga, está à disposição para enviar todos os comprovantes do que foi citado anteriormente e agradecendo a atenção. Tudo bem formal. Finalmente, peça para alguém revisar o conteúdo quando estiver pronto, porque essa carta precisa ser impecável.

>>> Especialistas dão dicas para a carta de motivação perfeita


6) Currículo para seleção de doutorado no Exterior

Para quem está acostumado com o Lattes, montar o currículo acadêmico é uma barbada. Esqueça aquela máxima de que currículo bom tem uma página apenas, porque você realmente não precisa poupar palavras. O meu é dividido assim: dados iniciais (nome, endereço, contatos, data e local de nascimento), academic education, teaching experience, market experience, list of publications (isso é bem importante: uma lista com todas as suas publicações em revistas ou eventos), interests (uma lista de palavras-chave que você pode dividir em research interests e background), awards, other research activities (participação e organização de eventos), language skills, references. Tenha bastante cuidado com o formato, porque algumas instituições realmente dão atenção a isso.

>>>Bolsas de doutorado na Itália para estudar na Toscana 

7) Como usar Redes sociais na seleção para fazer doutorado no exterior

Eu recomendo a todos que querem viver fora, sempre, repetitivamente, que mantenham o LinkedIn atualizado, detalhado e em inglês. No Brasil, esta rede ganha cada vez mais importância nos processos seletivos. Fora, é o mesmo. Mais de uma vez entrei em contato com algum professor por e-mail e poucas horas depois o LinkedIn me enviou um alerta dizendo que exatamente aquela pessoa havia olhado meu perfil. Também criei um perfil no site Academia.Edu, um Lattes internacional com um formato mais amigável, e mantive atualizado. Eu sei que é chato, mas a gente precisa jogar conforme as regras.

>>>>DAAD tem edital de bolsas para pesquisa na Alemanha 

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Como o projeto de pesquisa  fazer doutorado no Exterior

Vou ser direta: o que define mesmo se a vaga para fazer doutorado no Exterior é sua ou não é o projeto. Os pesquisadores que tiverem contato com seu research plan precisam se apaixonar pelo tema e se sentir motivados e desafiados. Se você conseguir isso, tem meio caminho andado para a vaga. Encontrar um tema criativo, inovador e cativante certamente não é fácil. Por isso, quando você encontrar o seu, construa um projeto consistente. Quanto menos furos, mais perto da vaga você fica (as entrevistas parecem uma defesa de dissertação, e todo mundo sabe que se o trabalho está redondinho, a defesa é muito tranquila).

Meu plano de pesquisa tem 16 páginas (padrão ABNT mesmo) e foi dividido em 11 itens, que estão listados abaixo em inglês (deixei os itens em inglês porque às vezes a gente tem dúvida sobre como nomeá-los). Vale lembrar que quando você estiver com o projeto pronto, ele será adaptado conforme as seleções de que participar. Mas, certamente, se você estruturar estes itens, terá apenas a função de adaptar o projeto para enviá-lo. Depois de pronto: revisão, revisão, revisão.

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1) Abstract

Como em qualquer artigo ou projeto, no Brasil ou fora, você precisa começar o documento com um resumo. Resumir a pesquisa em poucas linhas pode ser muito complexo, porque a gente tem medo de deixar algo importante de fora. Tente deixar este texto objetivo, citando apenas os pontos principais e também incitando a curiosidade de quem está lendo.

2) Overview

Para começar, de fato, o plano de pesquisa, você precisa de uma pequena introdução ao tema. Este é momento de capturar a atenção do avaliador e fazer com que ele queira você na instituição. Assom, aproveite para dar solenidade ao tema e mostrar como você é criativo, inovador e audacioso por tentar pesquisá-lo sob determinado ângulo.

3) Literature review

No referencial teórico, você precisa citar os conceitos envolvidos no seu trabalho e mostrar que tem conhecimento sobre as pesquisas na área. Para isso, busque sempre referências atuais e não apenas brasileiras. Se você colocar referências estrangeiras ao longo do plano, seu avaliador vai saber que você está acostumado a ler em outras línguas e que está atento ao tema mesmo que esteja geograficamente distante de você. Também lembre de citar, conforme ABNT, todas as referências utilizadas. Evite expor qualquer tópico sem o aporte teórico adequado. Esta é a hora de mostrar que você sabe pesquisar.

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4) Research questions

Depois de apresentar o tema e os pesquisadores que vão contribuir com o seu trabalho, é hora de citar o seu problema de pesquisa. Este item é muito direto, com a pergunta principal e as subperguntas que você pretende responder com a sua tese de doutorado. Neste momento, você também pode citar brevemente sua hipótese inicial.

5) Objectives

A partir do problema de pesquisa, você precisa expor os objetivos geral e específicos. Esse também é um item muito direto, sem enrolação, com uma lista de objetivos que você pretende alcançar até o fim do doutorado.

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6) Contributions

Nas Humanas, muitas vezes somos cobrados sobre a contribuição das nossas pesquisas para a sociedade, já que o tema não é tão palpável quanto o desenvolvimento de uma tecnologia ou um medicamento. Por isso, você precisa explicar ao avaliador como a sua pesquisa vai contribuir com a sociedade, com o campo de pesquisa e com a universidade que a está abrigando. Pode ser breve, mas precisa mostrar que você está fazendo pesquisa para a humanidade, não para o seu currículo apenas.

7) Methodological framework

Respire fundo para a metodologia. Nada é mais importante do que isso em um projeto de pesquisa. Invista tempo e dedicação. Não basta mostrar que você conhece o campo e definiu os problemas e as perguntas, você precisa detalhar, ponto por ponto, o aporte metodológico que vai conduzi-lo na busca por respostas. Fundamente cada decisão metodológica, cite as fontes mais atuais quando for possível e esteja com isso muito, muito afiado para a entrevista.

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8) Research environment

Este é um item que vai exigir adaptação em cada seleção que você tentar. O ponto mais fundamental é conhecer a universidade, especialmente professores, grupos de pesquisa e eventos. Daí, cite tudo isso no seu plano de pesquisa, demonstrando que você não está apenas interessado em um Ph.D., mas sim naquela instituição especificamente. Você precisa mostrar que o ambiente da universidade vai ser fundamental para o seu projeto e que você pode se encaixar nele perfeitamente. Aproveite a oportunidade citar parcerias interdisciplinares dentro da universidade que sua pesquisa pode gerar. Atenção: esta parte pode ser feita em conjunto com o seu orientador, por isso não se preocupe em fazer o primeiro contato com ele sem ela.

9) Provisional chapter plan

Este item não é exigido por muitas instituições, porém é um exercício interessante e mostra que você consegue vislumbrar a sua pesquisa, o que a torna mais palpável e real. O que você precisa fazer é montar um sumário provisório para a sua tese. Tente pensar nos capítulos teóricos: quais nomes eles teriam e como poderiam ser divididos? Depois, faça o mesmo com a metodologia, a análise e a discussão. Não use apenas palavras-chave para nomear os itens: use a criatividade para capturar a atenção do avaliador e mostrar o potencial da pesquisa.

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10) Proposed schedule

Basicamente, você precisar ter uma tabela com um calendário, para adequar o tempo do doutorado à pesquisa. Algumas instituições têm Ph.D. com duração de três anos, outras de quatro. Então, você precisa deixar claro qual etapa da pesquisa será feita em cada semestre.

11) Initial references

Coloque as referências bibliográficas utilizadas no seu projeto e também outras que você sabe que serão úteis. Vale lembrar que você precisa ter conhecimento sobre todas, porque isso pode ser cobrado na entrevista.

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Onde e como encontrar vagas para fazer doutorado no Exterior

Com toda a documentação pronta e o projeto de pesquisa finalizado, é hora de encontrar a sua vaga para fazer doutorado no Exterior. E, não se preocupe, ela existe. Durante meu tempo procurando um doutorado, encontrei basicamente dois tipos de posições: há vagas para as quais a universidade pede que você proponha um projeto, de acordo com as linhas de pesquisa da instituição; e há vagas para as quais a universidade já tem um projeto aprovado, normalmente com investimento público-privado, e os pesquisadores estão buscando colaboradores.

Preciso ser honesta e dizer que considero o segundo tipo muito difícil para um brasileiro. Não por questões de conhecimento e capacidade. Obviamente, não. Ocorre que estes professores que têm projetos aprovados normalmente dão aula no mestrado e estão envolvidos com a vida acadêmica, então é muito mais fácil simplesmente chamar um aluno com os quais já tenham contato. Claro que isso não se aplica a áreas como Engenharia e Tecnologia, nas quais faltam profissionais para preencher as vagas. Mas em alguns casos, as exigências são tão específicas, que apenas alguém que já tenha trabalhado com o orientador poderia cumprir. São as velhas cartas marcadas. Fique à vontade para se inscrever, mas infelizmente acredito que você terá a mesma sensação que eu após algumas tentativas. Outro ponto importante para evitar frustrações: sempre confira se as vagas estão disponíveis para estudantes overseas ou non-EU, a forma como se referem a estudantes de fora da Europa. Infelizmente, muitas vagas são destinadas apenas a europeus.

>>Bolsa de doutorado nos Estados Unidos da Fulbright recebe inscrições

Como encontrar vagas para fazer doutorado no Exterior?

Eu recomendo especificamente duas formas:

1) Listas de e-mail

O modo mais eficaz de ficar por dentro de vagas para fazer doutorado no Exterior é fazer parte de listas de e-mail nacionais e internacionais no seu campo de pesquisa. Você não faz ideia de quanta coisa interessante podem chegar as suas mãos nessas listas de e-mail, se você tiver paciência para filtrar as mensagens de autopromoção e exibicionismo acadêmico. Procure as entidades que promovem os principais eventos na sua área (normalmente, elas têm listas de e-mail), peça dicas para colegas e professores e pesquise também as listas nos países que lhe interessam. Eu entrei em listas focadas em pesquisadores em Comunicação e, diariamente, lia mensagem por mensagem atrás das vagas anunciadas.

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2) Sites especializados

Há uma série de sites especializados em anunciar vagas na Academia. Parte deles é patrocinada pelas próprias instituições que têm posições abertas. Alguns portais que eu usei são: Academic Positions; Scholarship Positions; Comissão Europeia; e Academics. Você podem entrar e cadastrar um padrão de busca, por palavras-chave, para receber alertas. Por exemplo, você pode escolher: Inglaterra, Comunicação, Mídia, Ph.D. E todas as vagas que surgirem nestes padrões serão enviadas direto para o seu e-mail.

Com as vagas na mão, é hora de organizá-las para não correr o risco de perder os prazos. Estabeleci um método de organização justamente para evitar frustrações deste tipo. Basicamente, montei uma tabela de Excel com as seguintes colunas: universidade, país, link, deadline e status. Assim, cada vaga interessante que eu via, incluía nessa tabela, em ordem cronológica pelos deadlines, e a mantinha sempre atualizada. Deixava em amarelo as linhas nas quais estava esperando a resposta, em vermelho as linhas com recusa, e em verde as que não havia mandado a application ainda. No status, mantinha opções como: preparar inscrição; inscrição enviada; recusado; entrevista marcada; entre outros.

Todos os dias pela manhã, eu checava os e-mails e os sites para ver das novas oportunidades e incluía na tabela. Também atualizava o status de cada processo conforme as respostas chegavam. Isso funcionou pra mim, porque eu sou metódica. Embora eu acredite que cada um deva desenvolver sua própria dinâmica, meu método pode ser útil para você criar o seu.

Quando achar a vaga que você quer, leia atentamente o anúncio no site da universidade, para garantir que todas as informações estejam o mais detalhadas possíveis. Se você recebeu a vaga por e-mail, normalmente vem com um link. Não confie no e-mail, confie no link. Às vezes, os prazos estão diferentes, e você precisa confiar no site da universidade, que é a fonte oficial. Se não tiver um link, procure no Google e certamente você vai encontrar a informação. Aproveite que você está no site da universidade e navegue, leia sobre a instituição, pesquise sobre a cidade, enfim, informe-se.

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Dicas para o primeiro contato com o orientador no Exterior

thais sarda doutorado na europa

Se você encontrou a vaga  para fazer doutorado no Exterior dos seus sonhos, é hora de finalmente participar de uma seleção. Eu demorei alguns meses para entender como a dinâmica funcionava, e isso me atrasou. Por isso, essa informação é bem útil. Vá até o site da instituição, procure o departamento no qual sua vaga foi anunciada e os seus respectivos pesquisadores. Normalmente, todos os professores estão listados lá, associados aos campos de pesquisa, para que você encontre o que tem mais a ver com o seu projeto. Se um pesquisador se mostra disposto a orientar você, a vaga para fazer doutorado no Exterior fica muito mais próxima.

Quando encontrar a pessoa ideal para orientar você, é o momento de umas das partes mais importantes do processo: fazer contato. A ideia é simples: você precisa começar a criar vínculos com a universidade, conquistando um potencial orientador como aliado na defesa do seu projeto e também estabelecendo uma relação de parceria com ele. Assim, mande um e-mail curto e objetivo para o pesquisador que escolher. Faça isso o mais rápido possível, para ter mais tempo para trabalhar a application com ele. Neste e-mail, devem constar:

1) Apresentação

Escreva, em uma ou duas linhas, quem você é e qual a sua formação. Você não precisa enchê-lo de detalhes e nomes de instituições no e-mail. Tente ser direto.

2) Projeto

Explique que você está buscando uma vaga para fazer doutorado no Exterior e explique o seu projeto, também brevemente. Tente destacar o maior diferencial do projeto em uma linha, para que o orientador se impressione já no começo.

3) Interesse

Explique para ele que você viu a vaga para fazer doutorado no exterior aberta na universidade e que gostaria de demonstrar sua disposição. Também diga que você pesquisou os professores da instituição e considerou a linha de pesquisa dele a mais adequada ao seu projeto, mostrando como você acredita nesta parceria. Pergunte sobre a disponibilidade e se ele tem interesse em orientá-lo ou pode indicar algum outro pesquisador na universidade que tenha.

4) Anexos

Envie em anexo o seu currículo e o projeto (sem o item Research Environment, claro). Não precisa enviar cover letter nem documentos. Esta é a fase em que o orientador precisa conhecer você e o seu projeto. O resto dos documentos serão usados no seu devido tempo.

Demorei a entender que precisava mandar este e-mail para conseguir uma vaga para fazer doutorado no Exterior e, depois que o fiz, recebi respostas maravilhosas. Normalmente, os professores são muito solícitos e dão contribuições excelentes ao plano de pesquisa. Mesmo que não role ser selecionado para fazer doutorado no Exterior, o seu projeto vai melhorando a cada contato. Apenas evite falar com dois professores da mesma instituição ao mesmo tempo, para não parecer que você está tentando qualquer frente apenas para conseguir a vaga. Foco. Além disso, no caso do meu orientador, por exemplo, ele foi crucial enquanto eu estava montando o meu application, dando dicas e revisando meu inglês, assim como ajudando a construir o item Research Environment do meu projeto. Se um pesquisador se mostra disposto a orientar você, a vaga fica muito mais próxima.

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Leia também:
>>> Como conseguir uma bolsa para estudar nos EUA
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O processo de inscrição para fazer doutorado no Exterior

Com a documentação, o plano de pesquisa, a vaga no alvo e um orientador potencial, finalmente é hora de participar da seleção para fazer seu doutorado no Exterior. Cada processo tem suas particularidades, por isso é muito importante que você leia atentamente o que é solicitado no site da instituição. Algumas universidades pedem que você envie um documento de PDF único com todos os documentos por e-mail, outras exigem que mande pelo correio, outras que faça upload de documentos no site. Portanto, cada application exige tempo e dedicação.

Para organizar a minha rotina, eu criei uma pasta no meu computador com os seguintes documentos em PDF: currículo, cover letter, projeto, resultado do teste de inglês, diplomas originais (todos em um documento único e com capa), diplomas traduzidos (todos em um documento único e com capa), cartas de recomendação (todas em um documento único e com capa) e passaporte escaneado. Assim, a cada seleção eu montava uma application específica, sempre adaptando a cover letter e o projeto.

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Como funciona o processo de seleção de doutorado no Exterior

Os processos de seleção para doutorado Europa podem levar meses, então você precisa enviar e ter paciência. Normalmente, eles homologam a inscrição e mantêm você informado em todas as etapas do processo. Os próximos passos podem ser: pedir mais documentos, marcar uma entrevista ou, até mesmo, enviar um e-mail dizendo que você está selecionado diretamente (foi o meu caso).

Sobre a entrevista, tenho três destaques. O primeiro é que elas são bastante densas, como uma defesa de dissertação — porém em outra língua, o que costuma nos deixar mais inseguros. Portanto, prepare-se. Fiz uma entrevista na University of Westminster que durou 40 minutos e na qual não houve nenhuma pergunta pessoal. Todas as questões foram sobre o projeto: “o que você quer dizer na página X e parágrafo Y?”; “você tem certeza de que essa é a metodologia mais adequada?”; “por que nós deveríamos investir tempo e dinheiro nesta pesquisa?”; “por que você quer desenvolver esta pesquisa exatamente aqui?”. O segundo ponto é a língua: eles não esperam que seu inglês seja impecável.

Então, não peça desculpa se cometer algum erro, nunca peça desculpa pelo seu inglês (você é brasileiro, não é nativo), não fique constrangido se errar. Siga apenas falando, porque a eloquência e a motivação contam mais pontos do que uma gramática perfeita nessas horas.

>> Dicas de um professor americano para o seu inglês avançar

E o terceiro é que você precisa treinar a resposta para uma questão bastante aberta que normalmente surge: “tell about yourself”. Basicamente, você precisa responder em 1 minuto ou pouco mais do que isso, um resumo da sua vida. O meu foi algo mais ou menos assim: “Tenho 32 anos, sou brasileira e moro na Bélgica há um ano. Quanto a minha formação, sou jornalista, com especialização em Ciências Penais, MBA em Gestão de Pessoas e mestrado em Comunicação. Minha pesquisa mais recente foi sobre gestão de identidade em sites de redes sociais, especificamente Facebook e LinkedIn. Além disso, sempre trabalhei para custear meus estudos. Por isso, tenho 11 anos de experiência no mercado, a maior parte deles em jornal impresso, mas também em agência de conteúdo e agência de publicidade. Agora, estou decidida a me dedicar à pesquisa acadêmica, começando pelo meu projeto sobre Deep Web, e estou procurando uma posição de Ph.D. em uma universidade de renome internacional para isso”. Basicamente um resumo com os principais pontos do seu currículo e a sua motivação para tentar aquela vaga.

Buscar uma vaga de doutorado no Exterior é um jogo. Eu tentei mostrar aqui as regras e as táticas que funcionaram para mim. Espero, de quebra, ter ajudado você na sua busca. Vai ser trabalhoso, os “nãos” vão ser frustrantes e dolorosos, mas fique calmo, porque quando o “sim” chegar tudo vai ficar pra trás. Pode acreditar.

Precisa de ajuda para se candidatar?

O Partiu Intercâmbio tem um programa de mentoria para estudar fora que já ajudou milhares de brasileiros a ganharem bolsas de estudos para estudar no Exterior. As inscrições estão abertas e restam poucas vagas. Em julho, conversamos ao vivo no YouTube com algumas das mentoradas aprovadas para estudar no exterior com tudo pago. Confira no vídeo abaixo dicas e a experiência delas sobre o auxílio oferecido pela mentoria do Partiu Intercâmbio:

Aqui você pode conferir o que nossos mentorados falam sobre nosso programa de auxílio. A mentoria abre inscrições todos anos em janeiro e em julho e você pode se inscrever para receber avisos de quando as inscrições abrem e alertas de bolsas de estudos no Whatsapp.

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Recomendamos juntar dinheiro em moeda estrangeira e pagar a taxa da sua prova de proficiência usando a conta multimoedas do Wise (ex-Transferwise). A conta é gratuita e com ela você faz pagamentos da taxa de inscrição em processos de seleção em universidades ou junta dinheiro em moeda estrangeira com taxas muito menores. No lugar de pagar os 12% que seu banco cobraria, com o Wise você paga só 1,3% de taxa sobre a operação ou menos

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Ah e não esquece que toda terça-feira tem vídeo novo no nosso canal no YouTubeAssina aí pra não perder nadinha. A gente também está no Instagram, no Flipboard e no Twitter. Nesses canais, eu falo mais sobre como ganhar bolsa para fazer intercâmbio, como fazer carta de motivação e mais um monte de coisas. Obviamente, eu também respondo dúvidas. Só deixar elas aqui nos comentários do post ?

Sobre o autor

Bruna Passos Amaral

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11 comentários em “Como fazer doutorado no Exterior? seis passos para conquistar uma vaga”

  1. Uau que texto maravilhoso!!!
    Muito obrigado por compartilhar!

    Só fiquei curiosa em saber se é mais fácil conseguir bolsa de estudos para doutorado tendo em vista que a concorrência tende a ser menor…

  2. Naomi Generoso Faustino

    Texto impecável! Contudo, fiquei com algumas dúvidas, espero que você possa me ajudar:

    1. Percebi que ela foi tentar o doutorado depois de se mudar para a Bélgica. Morar na Europa e ter o visto de residência melhora nossas chances?

    2. Ela disse que tentar o doutorado por vagas de projetos já prontos é mais difícil. Contudo, não entendi quando ela diz que ficou se candidatando para varias vagas? Ela se candidatou para processos seletivos de projetos individuais? Ou ela se candidatou para as “vacancies” que tem nos sites? Essas vacancies são os projetos prontos com financiamento? Fiquei muito confusa com isso, desculpa.

    3. Como ela fez para financiar os estudos? Ela solicitou uma bolsa da universidade, ou o processo seletivo que ela fez já concedia uma bolsa? Essa é a parte que mais me assusta: me bancar lá fora.

  3. BRUNA, RECENTEMENTE ME INSCREVI EM UMA BOLSA DE ESTUDOS QUE QUERIA MUITO… NA UNIVERSIDADE DE VALLADOLID, PORÉM NÃO FUI ACEITO!

    NÃO FICOU CLARO QUAL O CRITÉRIO PARA A SELEÇÃO (E NÃO ESTOU QUESTIONANDO ISSO!) SÓ PENSEI EM ENVIAR UM EMAIL PERGUNTANDO SOBRE A MINHA SELEÇÃO, QUAIS OS MEUS PONTOS FORTES E PRINCIPALMENTE OS PONTOS FRACOS QUE NÃO ME QUALIFICARAM PARA A VAGA, PARA QUE EU POSSA ME APRIMORAR PARA NOVAS SELEÇÕES… ACHA QUE É CHATO, ERRADO OU INCONVENIENTE ENVIAR UM EMAIL ASSIM?

    AGUARDO SUA DICA. OBRIGADO!

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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