Educação no Canadá: uma imersão no melhor investimento do país
O Prêmio Professores do Brasil é uma iniciativa promovida pelo MEC que visa premiar professores da rede pública, de todos os níveis da educação básica, que dinamizam projetos relevantes para a melhoria dos processos de ensino/aprendizagem em suas escolas. Na última edição do prêmio, os 30 vencedores da etapa regional (um educador premiado de cada região do país nas seguintes categorias: creche, pré-escola, ciclo de alfabetização, 4º e 5º anos do Ensino Fundamental, 6º a 9º ano do Ensino Fundamental e Ensino Médio), tiveram a oportunidade de passar sete dias Ottawa, na província de Ontario, para conhecer o sistema de educação no Canadá.
Mara Ewbank, uma das organizadoras do prêmio, justifica que essa visita para o Canadá é mais que uma premiação: é um investimento no desenvolvimento profissional e um incentivo para melhorar realidades pedagógicas particulares. “A escolha do Canadá foi porque o país tem um sistema de ensino que está entre os 10 melhores do mundo. O que o Canadá tem de melhor são os professores, e esse investimento que o país faz há algum tempo na formação de professores é algo que merece ser visto por nós. O Prêmio Professores do Brasil trata de forma muito direta e tangível na questão da valorização do professor”.
Detalhes importantes sobre a educação no Canadá
Diferentemente do Brasil, o Canadá não possui um Ministério da Educação. Desse modo, cada província tem autonomia para criar suas próprias diretrizes educacionais. Mesmo assim, há políticas públicas muito rigorosas e inclusivas para valorizar a educação, como, por exemplo, vultosos investimento para os anos iniciais, subsídios para uma educação amparada pelas novas tecnologias ou a destinação anual para a escola de 4000 dólares canadenses por aluno proveniente de uma família de refugiados que não fala inglês nem francês. Os índices da educação no Canadá, de fato, impressionam: a taxa de alfabetização é de 99% tanto para homens quanto para mulheres; 86% da população possui diploma de segundo grau; e mais da metade da população com diploma do nível pós-médio (seja em uma universidade, seja em um college, uma instituição parecida com cursos técnicos aqui no Brasil).
A visita aconteceu entre os dias 26 de maio a 1 de junho de 2019, e tive o prazer de figurar entre esse grupo de professores, de todas as regiões do país, de diferentes faixas etárias. Dentre nós, pouquíssimos entendiam inglês ou francês, o que tornou a viagem uma chance única para esse um grupo (a maioria de nós nunca havia saído do país) realizar uma imersão cultural. Por outro lado, isso nos delega muita responsabilidade no sentido de divulgar e promover a cultura canadense em nossos trabalhos. Apesar de nosso objetivo principal ser conhecer o sistema educacional canadense, também – e não menos importante – pudemos experienciar o cotidiano de um país novo para nós, e aprender sobre aspectos culturais, sociais, políticos e históricos. A viagem nos tornou embaixadores culturais e educacionais.
O roteiro dos professores brasileiros no Canadá
Visitamos três escolas da educação básica: Charlotte-Lemieux, uma escola pública de educação infantil; Glashan, uma escola pública de anos finais do ensino fundamental;, e St. Pius X, uma escola católica de ensino médio. Fomos muito bem recebidos nas três instituições e tivemos a honra de conversar com professores, alunos e gestores, além de conhecer salas de aulas e demais ambientes escolares. Ficamos impressionados em ver como os alunos são engajados no processo ensino/aprendizagem e como há nessas escolas, embora contem com uma estrutura física semelhante à que temos aqui no Brasil, amparo de políticas muito positivas no sentido de construir uma educação mais plural, inclusiva e criativa. Os horários são um pouco diferentes que aqui no Brasil: as aulas no Canadá começam às 8h45 e terminam às 15h45. Há um lanche na chegada e outros dois ao longo do dia. Em geral as aulas de uma disciplina duram entre 45 minutos a uma hora e são seguidas de pequenos recreios, a fim de tornar o estudo menos cansativo e mais dinâmico. A seguir, relato como foi a visita em cada uma delas:
Excelência na Educação Infantil no Canadá na Charlotte-Lemieux
Charlotte-Lemieux é uma escola francofônica de ensino infantil até o sexto ano. Na mais recente avaliação nacional de educação infantil, que estima o nível dos alunos nas áreas de leitura, interpretação e saberes matemáticos, Charlotte-Lemieux foi a melhor escola da província de Ontario, título ostentando com orgulho na porta de entrada.
Ao chegarmos na escola, fomos recebidos com falas de representantes do conselho escolar, da direção e de professores: todas alinhadas no intuito de sempre procurar melhorar o sistema educacional tornando a escola mais atrativa e criativa, formando os alunos como cidadãos globais. Após os discursos, fomos divididos em pequenos grupos para visitar as salas de aulas.
As turmas devem ter no máximo 20 alunos e contam com 2 professores, sendo um educador especial. Já os alunos especiais contam com salas específicas, onde se reúnem em alguns momentos do dia para realizarem tarefas de apoio ou de reforço. Ainda, para alunos provenientes de família de refugiados que não falam inglês nem francês, a escola oferece atendimento especial para criar uma ambientação mais natural na inserção dessas crianças no ambiente ambiente escolar.
Dentro das salas de aula usos de espaços ou objetos nos deixaram intrigados. O quadro-negro é periférico: é um acessório no canto da sala e serve como um mural para trabalho dos alunos. Falando em atividades dinamizadas por alunos, toda a sala é uma exposição do que foi feito durante o ano para as crianças acompanharem o processo evolutivo. As mesas não eram de madeiras, mas de um material semelhante a uma lousa mágica; assim os alunos poderiam rabiscar, rascunhar ou desenhar quando quiserem. Fora da sala de aula, nos maravilhamos com os corredores. Em praticamente todos eles, haviam intervenções artísticas. E o melhor: todas as pinturas eram feitas pelos alunos ou artistas locais faziam a partir de ideias das crianças.
Na primeira sala de aula que entramos tivemos um choque ao ver como a turma era multicultural – ironicamente muito mais heterogêneas do que as nossas aqui do Brasil. Era uma turma de 1º ano do ensino fundamental que trabalhavam em pequenos grupos utilizando como guia, uma apostila de 30 capítulos (é sugerido 10 capítulos no 1º ano; 10 no 2º e 10 no 3º) organizada por pedagogos e pedagogas dos Estados Unidos e do Canadá e como base na província de Ontario para o ciclo de alfabetização.. O trabalho em pequenos grupos se justifica aqui porque há alunos que estão em lições diferentes de outros. Então, em uma mesma sala de aula, pode haver alunos que estão em níveis mais adiantados que outros e trabalham com seus pares de acordo com o nível de suas habilidades. O trigésimo e último capítulo dessa apostila a é a leitura e interpretação de um pequeno livro, a ser realizada no fim do 3º ano. Caso o aluno consiga realizar uma leitura satisfatória, está apto a passar para a próxima série.
Entretanto, a sala que mais me chamou atenção foi uma de 5º ano. Entramos na sala e nos deparamos com apenas quatro crianças dentro dela. Logo descobrimos que o resto da turma estava trabalhando pelos corredores ou em outros espaços da escola. A professora explicou que todo o conteúdo é dado a partir de uma resolução de problemas e os alunos têm liberdade de resolver onde quiserem. Divididos em grupos, a professora propõe um desafio, e os estudantes deveriam achar a solução até o fim da aula. Para ajudar no processo, é delegado a um aluno o papel de líder, que, deve explicar e tirar dúvidas para os demais componentes. Enquanto isso, a professora fica assessorando o trabalho de todos. No fim da aula, cada grupo apresenta para a turma o percurso lógico que chegou para resolver o problema.
A curiosidade me fez solicitar a professora me mostrar o problema que eles estavam resolvendo. Assim que vi o quadro, travei: “É isso mesmo que estou pensando?” perguntei.
Sim. Em uma quinta série, os alunos estavam resolvendo um problema de probabilidade genética.
Duvidando um pouco da capacidade de uma turma inteira se engajar no desenvolvimento das atividades, uma colega perguntou: “O que vocês fazem caso algum aluno se recuse a fazer as atividades propostas?”. A resposta foi simples: em um primeiro momento, a professora tenta isolar a criança do grupo e ver em quê especificamente ela tem dificuldade. Caso não seja um problema de entendimento, atividades alternativas são testadas: e relaxamento em poltronas confortáveis com bolas de massagem, exercícios físicos no pátio ou o uso de computadores por algum tempo. Depois disso, a criança retorna para os exercícios propostos pela professora.
Se desculpando pela bagunça (?), o último espaço que a equipe da Charlotte-Lemieux nos mostrou foi uma sala de fotocópias. Havia ali muitos laptops. Eram chromebooks, computadores subsidiados pelo governo canadense. Cada aluno a partir do 3º ano recebe um daqueles para ajudar nos estudos durante o ano. É também a partir do 3º ano que todos os temas são enviados pelo professor através de uma lista de email e deve ser devolvido também virtualmente. Depois dessa explicação, a professora perguntou: “É assim no Brasil também?”
Glashan: a inovação através da metodologia Deep Learning
Glashan é uma escola modelo de Ottawa. A educação se baseia no deep learning (aprendizagem significativa), metodologia elaborada pelo educador Michael Fullan. Baseada em 6 Cs (criatividade, comunicação, colaboração, pensamento crítico, cidadania e caráter), a deep learning é considerada uma diretriz pedagógica inovadora que visa formar cidadãos globais, unindo interação humana com saberes tecnológicos e digitais. Cabe ressaltar que um dos referenciais teóricos da deep learning é Paulo Freire, o patrono da educação no Brasil, sobretudo no que diz respeito às pesquisas sobre a pedagogia e autonomia. Glashan inclusive já foi um case na série de documentários Destino Educação – Escolas Inovadoras, produzida pelo Canal Futura.
Nossa recepção foi uma breve palestra com diretor da escola, cujo tema era essa metodologia adotada por eles. Depois da fala, para visitar a escola, nos dividimos em grupos. Só que dessa vez, fomos guiados por alunos, atividade que fazia parte da aula deles. Durante a visita, impossível elogiar a habilidade comunicativa dos adolescentes: além de dominarem os espaços da escolas, eles demonstravam que sabiam a fundo o funcionamento da deep learning. Talvez esse entendimento de um processo didático no qual os jovens estão inseridos faz com que eles se orgulhem de estudar na escola.
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No primeiro recinto que visitamos, o ginásio de esporte, estava hasteada a bandeira da escola ao lado de uma bandeira do movimento LGBTQI+, símbolo da valorização de uma educação inclusiva. Perguntados sobre como era o tratamento do bullying, os alunos nos falaram que na primeira semana de aula há um trabalho intensivo com todo o colégio, em parceria com profissionais de saúde mental sobre o que é o bullying e o que se pode fazer para evitá-lo. Ainda, periodicamente, os alunos se comprometem a desenvolver atividades sobre o tema.
Em Glashan, tivemos a oportunidade de entrar em duas salas de aula: uma de 6º ano e outra de 7º. A primeira estava tendo aula de francês com uma professora que já lecionou português. Empolgada com nossa visita, ela quis nos mostrar um projeto que desenvolveu com os alunos: engenhocas criadas a partir de sucata. Três grupos nos mostraram e falaram sobre seus trabalhos: uma amplificador de som de celular a partir de garrafas de plástico; uma lancheira transmutável em um tabuleiro de xadrez e em um banco; e um pequeno lançador de foguete. Não sei dizer quem estava mais deslumbrado: nós, por observamos aquilo tudo, a professora, por mostrar o trabalho que a turma fez, ou os próprios alunos, com orgulho de suas produções.
Em outra sala, agora em uma aula de geografia, nós viramos alunos brincando em uma caixa de areia. Em cima dela, havia um projetor e um kinect de XBox que iluminavam a areia para uma aula prática de tipos de relevo. Ao modelarmos a areia com nossas mãos, as partes mais altas assumiam cores mais escuras (como uma montanha) e as mais rasas, esverdeadas. As partes da caixa que não tinham areia, se tornavam azuladas, emulando rios, lagoas ou mares. Nós transformamos as areias em vulcões, planícies, lagos e tudo mais que era possível. Inclusive, a partir de um software livre, poderíamos fazer simulações de erupções vulcânicas ou de chuvas.
As crianças que tiveram que nos expulsar gentilmente daquela sala e nos mostrar a sala de arte. A sala estava ocupada de um grupo extraclasse que, sob a tutela de uma professora-artista, estava criando murais em três dimensões cujo tema era multimodalidade artística. Havia quadros misturando música e teatro, dança e pintura, cinema e fotografia.
Atenção especial para alunos com necessidades diversas
Por fim, visitamos duas outras salas: a de música e a da educação especial. Na primeira, tivemos um pequeno concerto particular, com o grupo instrumental de alunos portadores de necessidades especiais. Nossos guias frisaram que em Glashan todos os alunos, indiscriminadamente, são obrigados a aprender um instrumento e tocar músicas solo e com a orquestra da turma. O aluno que deveria escolher o instrumento que quer tocar, e para tanto a escola oferecia muitas opções de instrumentos, que contemplavam os 4 naipes – cordas, madeira, metais e percussão. A outra sala, a de educação especial, era ampla, possuía várias bicicletas ergométricas, um ateliê de pintura e uma cozinha bem equipada. Nos explicaram que, em algumas aulas esses alunos não conseguem acompanhar o resto da turma, por isso, desenvolvem outras atividades de diferentes ordem. Por exemplo, se eles cozinham, o que eles produzem é usado para alimentar a turma no intervalo.
Depois do tour, os alunos nos prepararam uma surpresa. Eles pediram para alguns de nós sermos voluntários em uma entrevista coletiva conduzida por eles mesmos. Nos perguntaram de que parte do Brasil éramos, sobre a educação no Brasil em geral, sobre as diferenças da nossa escola e da deles até que encerram a coletiva com a seguinte pergunta: “Falaram que vocês são uns dos melhores professores do Brasil. Considerando que nossa escola busca sempre melhorar, o que vocês podem contribuir para nossa escola?”. Alguém respondeu que nas escolas públicas brasileiras há muitos projetos voltado para o trabalho voluntário. Porém a réplica veio: em Glashan é obrigatório algumas horas curriculares de voluntariado para adquirir o diploma porque algumas famílias abastadas se recusavam a ajudar pessoas mais necessitadas.
Até agora estamos pensando em outras possíveis respostas.
St. Pius X – Ensino médio voltado para a integridade do ser
A escola de Ensino Médio St. Pius X é a única dentre as três que não é pública. O sistema canadense conta com cerca de 90% das escolas públicas e todo o restante funciona com o apoio de outras entidades, como igrejas. Por outro lado, as universidades e cursos pós-secundários, ao contrário do Brasil, são todas privadas. Entretanto, há uma política de bolsas para alunos mais carentes poderem estudar.
A receptividade e a atenção dada a nós pela equipe escolar se mostrou uma rotina. Mais uma vez fomos recebidos com discursos escritos pela diretora e por parte dos professores, o que denota um apreço e respeito por parte deles. Fomos divididos em grupos novamente e recebemos ainda um material sobre a escola. Na St. Pius X, para nossa surpresa, havia dois alunos que falavam português, um de Brasília e outra de Bragança Paulista. Eles nos ajudaram como tradutores no tour guiado em pequenos grupos.
A escola é relativamente grande: conta com 915 alunos e uma equipe de 96 pessoas. A base educacional da escola se sustenta nos quatro pilares: práticas pedagógicas efetivas, alavancagem digital, aprendizado sobre o meio ambiente e aprendizagem de parcerias e relações humanas. A partir desses quatro elementos, os processos de ensino/aprendizagem e as relações professores-alunos são baseados na deep learning. Entretanto, a escola faz questão de reiterar que, além de ter o objetivo de formar cidadãos íntegros capazes de viver em nossa sociedade complexa, os alunos devem aprender os valores do catolicismo. No currículo escolar de escolas católicas, a aula de religião é obrigatória, como boa parte do currículo, mas boa parte das disciplinas são os alunos escolhem: cursos de dança e de teatro, são alguns exemplos do que eles podem fazer.
Os muros e outros espaços escolares, a exemplo das outras duas escolas, também são decorados com arte dos alunos, formando um local de identificação imediata da juventude. Na recepção, a diretriz inclusiva estava evidente com bandeiras de todos os países do mundo..
A grande diferença que percebemos em St. Piux X em relação às outras escolas é que as salas eram temáticas: havia sala de física, sala de química, e os alunos que deveriam se dirigir a elas. A primeira a visitarmos foi a sala de literatura. Os alunos nem precisavam nos dizer para onde iríamos, pois pinturas e cartazes com referência a Macbeth, Harry Potter e outras outras obras literárias já davam o tom do que encontraríamos. Ali por perto, também havia uma bancada com obras de literatura canadense de autoria feminina em evidência (entre elas, destaque para Anne of Green Gables, de Lucy Maud Montgomery, que deu origem à série Anne with an E, da Netflix).
A sala de literatura levava o nome de “Ministério da Magia”, em referência aos livros de Harry Potter. Na turma que visitamos, a professora estava fazendo um trabalho de pós-leitura do livro O Coração das Trevas, de Joseph Conrad. O trabalho final era um desenho simbolista sobre o livro. Ouvimos três alunas explicarem seus desenhos, todos com uma estética lúgubre, em referência à colonização inglesa no interior do Congo.
Saindo do mundo das letras, adentramos no mundo dos números. Subimos uma escada com a sequência de Fibonacci e passamos uma parede com mais de 50 dígitos do PI antes de entramos numa aula de matemática. A sala de aula parecia qualquer outra matéria, menos matemática. Alunos compenetrados, trabalhando em equipes para montar umas engenhocas. Um alvo desenhado na parede. Marshmallows sendo arremessados. Tão excitada quanto qualquer um dos alunos, a professora explicou a atividade: baseada em uma exposição do Da Vinci no Museu de Ciência e Tecnologia do Canadá, ela propôs o desafio de cada grupo criar uma catapulta, a partir das construções do artista italiano, para arremessar um objeto qualquer. Acoplada a um programa de computador, a trajetória do objeto viraria uma parábola e a partir do desenho digital, os alunos teriam que achar a função referente ao arremesso. Isso era o trabalho e a avaliação. Posteriormente, ainda, a professora queria fazer uma gincana com as catapultas e, mais ousada ainda, iria propor para a turma criar uma gigante para jogar uma bola de futebol americano no campo da escola.
Extasiados por essa proposta, ao sairmos da sala o sinal tocou quando estávamos entre os armários dos alunos nos corredores. A rapidez com que os alunos corriam para sair da escola nos fez chegar à conclusão que aluno é aluno em qualquer lugar do mundo.
Conhecemos a educação no Canadá. E agora, como fica no Brasil?
Em Glashan, um adesivo na porta de entrada estampava o que todos nós já sabíamos: Public School – Our Best Investment (Escola Pública – nosso melhor investimento, em português). Mesmo assim, estava lá para confirmar, para todos lerem, e para nunca nos esquecermos. Não era promessa, campanha política, uma ideia ultrapassada ou um projeto para o futuro. Era o que estava, de fato, acontecendo. A educação no Canadá sendo valorizada como um todo significa investir na população e na qualidade de vida, dando um retorno sócio-cultural simbólico e prático a longo prazo para um país. Por isso, priorizar a educação é um ato de resistência: é um caminho longo e sinuoso, sem retorno imediato.
Nessa imersão na educação no Canadá, ainda não decidimos se queremos dar aula em escolas assim ou voltarmos no tempo para estudar nelas.
Em síntese, falando da metodologia canadense, o que mais fica para levarmos para o Brasil é o foco nos processos e nas reflexões compartilhadas, tanto a nível pessoal quanto coletivo. O resultado, a solução, é um detalhe, uma consequência. O saber centralizado não existe mais, e as escolas entenderam isso aí. Agora, o professor fala menos e os alunos fazem mais.
Algo que nos alenta é que todos os projetos premiados deste grupo de professores tinha algo a ver com esse paradigma da educação no Canadá. Isso nos deixa feliz porque, intuitivamente ou não, estamos no caminho certo. Obviamente há muito a ser reconstruído e repaginado em nossas práticas individuais e nas políticas de gestão macro- e micro-educacionais aqui no Brasil, mas é um trabalho que se dá aos poucos. O início desse processo foi essa imersão na educação canadense, em que imediatamente 30 mudanças acontecerão de pronto no Brasil. Se cada um desses professores atingir mais uma pessoa, o efeito pode alcançar proporções maiores do que imaginamos. Tomara.
Em uma visita ao Museu Canadense de História, nos deparamos com a escultura Spirit of Haida Gwaii: várias personagens, bem diferente umas das outras se encontram em um mesmo barco remando pra mesma direção. Essa obra simboliza muito bem o que foi essa semana mágica para nós, e fica como um lembrete para continuarmos o árduo ofício da docência.
Sobre o Autor:
João Pedro Amaral é professor de inglês e literatura em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul. Seu projeto de letramento audiovisual para alunos de escolas públicas foi vencedor do 11o prêmio professores do Brasil na categoria ensino médio da região sul do Brasil. Em 2019/2020, João vai passar um ano letivo dando aulas de português na Towson University, nos Estados Unidos, com bolsa do programa FLTA da Fulbright.
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Sobre o autor
João Pedro
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Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!
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1 comentário em “Educação no Canadá: uma imersão no melhor investimento do país”
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