Volta às aulas na Towson University
Acabei de completar seis meses como um FLTA nos Estados Unidos. Nesse período se passou um semestre letivo, um mês de férias e duas semanas de aclimação. Por um lado, parece que esse tempo foi rápido, devido a toda a função de mudança. Mas ao mesmo tempo, porque fiz muitas atividades e viajei bastante, esses seis meses parecem um ano. Agora, faltam quatro meses para minha volta ao Brasil.
O semestre da primavera de 2020 aqui em Towson começou dia 27 de janeiro e vai acabar no dia 19 de maio. Minha universidade foi uma das últimas a voltar às aulas, quando comparada a outras que recebem FLTAs brasileiro. O lado bom é ter mais dias de férias.
Nesse semestre, vou ministrar as mesmas aulas do semestre passado: Português I e Português II. Cada uma das aulas tem carga horária de 2 horas e 30 minutos presenciais por semana, divididas em dois dias (segundas e quartas à tarde). Uma notícia boa é um bom número de alunos matriculados: 8 em cada matéria. É um número bom porque a sala não está lotada e também não está com poucos alunos, o que dificulta eventuais interações em português uns com os outros, algo importante para quem está aprendendo uma língua adicional.
Além das aulas como professor, o programa FLTA exige que cursemos duas matérias por semestre. Uma das quatro deve ser relacionada à cultura estadunidense, requisito que venci semestre passado com a disciplina Geografia do Blues e Rock ‘n’ Roll. Neste semestre, estou matriculado em Apreciação Musical e Italiano II. A primeira matéria é prática, focada em uma apreciação guiada de música clássica desde a Idade Média até os dias atuais. É uma disciplina para quem não cursa Música. Então, a teoria musical é vista bem superficialmente.
A minha segunda escolha foi por exclusão. Eu gostaria de fazer uma língua não-românica. Tentei japonês, mandarim e árabe, mas meus horários não bateram. Sobrou o italiano. É bom pra se colocar no lugar de estudante de língua adicional.
Dependendo da universidade do FLTA, você deve cursar a disciplina como aluno regular. No entanto, aqui na Towson eu devo fazer como ouvinte (audit). Eu sou dispensado de todos os trabalhos, temas e testes, mas devo ir nas aulas, fazer as leituras previstas e contribuir nas discussões. Fico com a melhor parte.
Sistema de notas e recursos na Towson University
Não escrevi sobre isso nos textos anteriores, mas agora trago as informações de como funciona o sistema de notas da Towson e as possibilidades de os alunos entrarem com recursos para alteração de nota.
As notas aqui são por conceitos – A, A-, B+, B, B-, C+, C, C-, D+, D e F -, sendo que A é a nota máxima, e F (reprovado), a mais baixa. Para ser aprovado em alguma disciplina, você deve ter a nota mínima D (o que representa em torno de 60 a 65% da totalidade). Contudo, se você estiver cursando uma língua adicional e tirar D, isso vai impedir que você curse o próximo nível, mesmo estando aprovado.
Assim como no Brasil, há a possibilidade de o aluno entrar com recurso, caso não concorde com a nota. A política da universidade prevê estes níveis de recursos:
- O primeiro é informal, e o aluno deve conversar pessoalmente com o professor explicando eventuais problemas e desentendimentos;
- Caso o problema não seja resolvido com o diálogo, o aluno pode enviar uma carta (por e-mail ou cópia física) para o professor solicitando uma alteração de nota.
- Se o aluno não estiver de acordo com a resposta do professor, a próxima etapa é enviar uma carta com a solicitação para o chefe de departamento.
- Se a discordância persistir, há ainda a possibilidade pedir um recurso para o reitor.
- Por fim, se o aluno não estiver satisfeito, seu último recurso é escrever para o Comitê de Assuntos Acadêmicos. Há um comitê para a graduação e outro para a pós-graduação. A decisão do comitê é a decisão final.
Pode até parecer que essa política favorece o aluno, mas acho totalmente compreensível com os ideais liberais pelos quais os americanos prezam tanto.
Até a próxima.
Sobre o Autor:
João Pedro Amaral é professor de inglês e literatura em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul. Seu projeto de letramento audiovisual para alunos de escolas públicas foi vencedor do 11o prêmio professores do Brasil na categoria ensino médio da região sul do Brasil e o levou para conhecer o sistema de educação no Canadá. Em 2019/2020, João vai passar um ano letivo dando aulas de português na Towson University, nos Estados Unidos, com bolsa do programa FLTA da Fulbright.
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Sobre o autor
João Pedro
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Quem faz?
Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!
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