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O que fazer na Filadélfia e a importância de uma breve mudança de ares

Nesta coluna não vou falar sobre a Towson. Nem sobre estudos ou sobre minhas aulas. Mas vou falar sobre uma coisa muito importante para alguém que está fazendo intercâmbio: dar-se tempo de folga e sair de sua cidade. Intercambistas estão em um país diferente, o que naturalmente causa estranhamento. Entretanto, por ficarmos um pouco enraizados a nossas cidades, por vezes pensamos demais no trabalho e/ou estudo, levando-nos a uma exaustão mental. Então, periodicamente, uma escapadinha é algo saudável para arejar nossa mente. Foi o que fiz  dos dias 11 a 13 de outubro.

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Claro que isso depende das condições financeiras e da carga de demandas, o que impossibilita viagens semanais, por exemplo. Mas com certo planejamento, uma viagem mensal ou a cada dois meses é uma alternativa viável. Embora o título aponte genericamente para a importância de viagens internas durante um intercâmbio, você pode pensar que esta coluna vai cair no clichê blogueirinho de viagem, postando dicas de lugares para ficar, para visitar e para comer.  Sim, está certo. Não ia perder a oportunidade.

Filadélfia: o que fazer por lá

O meu destino foi a Filadélfia (ou Philly, como carinhosamente os americanos a chamam), a maior cidade da Pensilvânia. É uma cidade histórica, fundada em 1682, e que possui hoje mais de 1,5 milhão de habitantes. A cidade é famosa também por personagens fictícios da cultura pop. A escadaria em que o boxeador Rocky Balboa treina é talvez o ponto turístico mais visitado (superando os históricos, de acordo com o pessoal da pousada onde fiquei). Filadélfia também é a cidade natal do protagonista de Um Maluco no Pedaço.

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Escadarias onde o Rocky Balboa treinava. No fundo, o Museu de Arte da Filadélfia. Muitas pessoas subiam correndo a escadaria cantarolando “Eye of The Tiger”.

Também esteve nessa viagem o Raul, outro FLTA que atualmente trabalha no Dickison College, em Carlisle, também na Pensilvânia. Um fator que incrivelmente me fez sentir bem durante esse período foi passar um fim de semana falando majoritariamente em português. Como FLTAs, nossas aulas devem ser em português, mas é diferente falar em nossa língua materna com intuito pedagógico. Falar uma língua adicional em situações pragmáticas exige um esforço extra, o que também pode gerar cansaço. A nossa língua materna é uma espécie de zona de conforto. Por outro lado, seria extremamente problemático se, como intercambistas, estarmos em uma redoma de vidro com nossa língua materna (evitar contato público, e consumo de mídia da nossa língua materna, por exemplo). Às vezes se torna um conforto, mas não deve se tornar um hábito, visto que estamos aqui como embaixadores culturais. Como poderemos fazer relações interculturais se fugirmos de usar a própria língua em questão?

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Raul e eu no píer. Ao fundo a famosa Ben Franklin Bridge

 

O conforto de falar a língua materna foi materializado quando andávamos pelo centro da cidade e ouvimos: “Ei, brasileiros!”. Uma paulistana ficou super feliz em encontrar pessoas de sua língua materna, já que é casada com um americano e não tem com quem conversar em português. Espantada que nós estávamos de folga em plena sexta-feira, ela reclamava do ritmo e do estilo de vida dos americanos. “Férias não existe por aqui. É um privilégio”.

Mesmo assim, na pousada em que ficamos haviam vários privilegiados. Incrível como a Filadélfia atrai pessoas de todos os cantos dos Estados Unidos. Lá havia gente de Oregon, da Carolina do Norte, de Nova Iorque… Um nova-iorquino, inclusive, disse preferir Filadélfia a sua cidade natal: “Em NY tem muita coisa que não sabemos o queremos fazer”. Outo hóspede disse que em termos históricos prefere Filadélfia a Washington: e realmente há muitas atrações históricas, principalmente na parte velha da cidade, como o Liberty Bell, a Betsy Ross House, onde supostamente foi feita a primeira bandeira dos Estados Unidos e o Elfreth’s Alley, a rua residencial mais antiga do país. É praticamente um museu a céu aberto, com 32 casas preservadas do século XVIII.

Por ser velha, Filadélfia tem histórias meio macabras. Isso movimenta o turismo, pois durante a noite há guias fazendo uma espécie de tour de terror. Vestidos a caráter (bruxas ou roupas de 300 anos atrás), eles levam grupos de pessoas a lugares mal-assombrados contando suas histórias sinistras. A Washington Square é uma praça, por exemplo, que fica em cima de um cemitério da combatentes da guerra civil e volta e meia pessoas testemunham a figura de um fantasma de capuz, mas sem rosto. No entanto, o mais bizarro é uma antiga igreja cujo pátio era um cemitério. Hoje, o espaço é um local de recreação infantil, e a paisagem mescla tumbas e escorredores coloridos e outros brinquedos de criança. Talvez a ficção também se inspire na cidade. Edgar Allan Poe morou por dois anos na cidade, e publicou alguns contos, como o famoso O Gato Preto. A cena do filme Os Caça-Fantasmas que se passa no terraço de um prédio foi gravada na Filadélfia também.

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Os lugares que mais gostei foram o Reading Terminal Market e o Race Street Pier. O píer é uma espécie de Orla do Guaíba, um espaço público onde as pessoas fazem exercícios, passeiam com seus animais e vão para relaxar. Lá há aulas gratuitas de yoga diariamente, exposições de arte e feirinhas. Naquele fim de semana, o píer estava decorado com motivos de Halloween. Durante a noite, podíamos ver a obra Navio Fantasma, em que, a partir de jatos d’água e feixes de luz, criava-se a ilusão de um navio fantasma no rio.

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Ghost Ship, obra áqua-luminosa. Mesmo durante a noite, muita gente passeava pelo píer.

Já o Reading Terminal Market é um mercadão público. Tem de tudo: lojas, muito movimento, e ampla variedade de comida. Quando se viaja, acho importantíssimo provar comida dos lugares. É um modo de conhecer a cultura através de outro sentido. A comida implica aspectos sócio-histórico-culturais de uma região. Lá comemos o tradicional prato da Filadélfia, o cheesteak, um sanduíche quente feito em um pão baguete com muita carne bovina (tem as variações com galinha, porco ou vegetariana) e um tipo de queijo à sua escolha. Simplicidade e fartura é o segredo.

Nessa viagem percebi o quão barato é viajar de ônibus pelos Estados Unidos. O trajeto de Towson até a Filadélfia dá em torno de 200km, umas 3 horas dirigindo. De ônibus, 3h30. A passagem custou míseros 7 dólares. O problema, contudo, foi que o culto à pontualidade não se aplica ao transporte rodoviário interestadual. Os ônibus atrasam costumeiramente, e as rodoviárias eram meio caóticas. Fiscais gritando, com para anunciar os ônibus e as filas que os passageiros deveriam tomar.

Em outro texto, eu já tinha falado que um conselho para não se abalar pela tristeza morando fora é não ficar enfurnado em casa. Às vezes, uma oxigenada nas ideias, mudando de ambiente, pode ajudar bastante.

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De que adianta viajar se não tirar foto de turista?

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Sobre o Autor:

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João Pedro Amaral é professor de inglês e literatura em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul. Seu projeto de letramento audiovisual para alunos de escolas públicas foi vencedor do 11o prêmio professores do Brasil na categoria ensino médio da região sul do Brasil e o levou para conhecer o sistema de educação no Canadá. Em 2019/2020, João vai passar um ano letivo dando aulas de português na Towson University, nos Estados Unidos, com bolsa do programa FLTA da Fulbright. Veja todas as colunas FLTA na Towson

 

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Sobre o autor

João Pedro

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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