Roberto Gazzana intercâmbio londres

Com que idade se deve fazer intercâmbio?

Existe uma hora certa de fazer intercâmbio? Com que idade se deve fazer intercâmbio? Sinceramente, não sei. Confesso que já me perguntei isso um trilhão de vezes e, cada vez, que alguém me olha com uma cara meio desanimada por se achar muito “velho” para uma oportunidade dessas, lá vem de novo a dúvida: qual a melhor hora de fazer intercâmbio? Sinceramente, quanto mais eu penso, menos encontro a resposta exata para isso. A única coisa certe é que cada um tem um tempo diferente.

Algumas pessoas parecem já nascer prontas para isso, outras começam com essas ideias pelos 15 ou 16 anos, tem também aqueles que só descobrem a vontade depois dos 20. E antes que vocês me pergunte, não, não tem nenhuma regra que diga que querer fazer intercâmbio depois dos 30 é loucura. Afinal, muito mais que uma questão de idade, é uma questão de maturidade, desprendimento e, sim, é uma questão financeira também. Então, nem todo mundo vai conseguir sair do país com 16 anos. E não tem problema nenhum nisso. Problema é adiar o sonho por preconceito bobo.

Mas é certo que, quanto mais velho a se vai ficando, mais complicado fica “largar tudo”, mesmo que por um tempo determinado. O engenheiro eletrônico Roberto Basso Gazzana se deu conta disso em 2009. Mesmo com um emprego estável e que pagava bem, ele largou tudo para ter uma experiência de sete meses em Londres. Antes de tirar qualquer conclusão precipitada e julgar, vale a pena conferir com atenção o relato dele e, quem sabe, mudar a sua ideia de que só adolescente pode fazer intercâmbio 🙂

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Roberto no palco do Cavern Club em Liverpool

“Já me chamaram de maluco aqui no Brasil e lá na Europa por causa desse intercâmbio. Eu, na época com meus 28 anos, um bom emprego como engenheiro e com passagens compradas para passar o mês de férias na Europa visitando a namorada que fazia intercâmbio por lá, decidi que iria fazer um intercâmbio de sete meses pelo velho mundo. Seis deles, estudando inglês na terra da Rainha Elizabeth. E tudo foi decidido faltando só um mês pra viagem.

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A ideia era estudar e trabalhar com qualquer coisa. O trabalho era só para dar uma ajuda nos custos e no aperfeiçoamento do meu inglês, que era péssimo. Só que a decisão foi na correria. Tive de pedir licença no trabalho (e só tive a confirmação que o pedido foi aceito quando já estava lá) e tirar o visto de estudante em um mês. O visto chegou só três dias antes do voo. Tudo porque eu resolvi que era naquele momento ou nunca. Pensava que logo eu seria velho demais pra fazer isso ou que as responsabilidades me impediriam. Então, foi do jeito que foi.

Chegando lá, passei por apertos e situações engraçadas, especialmente no trabalho. Acabei atuando praticamente só como garçom. Primeiro, num restaurante italiano com os colegas mais grossos do mundo me xingando pela falta de habilidade com a bandeja e depois em uns eventos. No fim da noite, ingleses bêbados vinham me pedir alguma coisa e eu não fazia a mínima ideia do que era. Eles já falavam enrolado sóbrios, imagina bêbados! Trabalhei também no café da manhã de um hotel, onde certo dia levei o catchup para alguém me pediu syrup (calda) para passar na panqueca. Catchup na panqueca no café da manhã? Pensei eu.

palacio

Tive colegas de todos cantos do mundo. Muitos deles, bem novos com 18, 19 anos, trabalhando pra mandar dinheiro pros pais que ficaram nos países de origem. Esses aí, obviamente não conseguiam entender o que eu, um engenheiro formado, com um bom emprego no Brasil estava fazendo naquele lugar. Aprendi muito mais do que o inglês. Aprendi sobre outras culturas, sobre ser humano, solidariedade e sobre encarar as coisas de frente.

mumia do briths museum

E sabe o que eu ouvia de muitos colegas: “tu vem de um país rico”. Sim, para muitos o Brasil é um país rico. Por que a gente não tem essa visão? Assim, acabei concluindo que foi fantástico ir pra lá. Vi coisas lindas, conheci pessoas, fiz amizades com gente de todos lugares. Foi uma experiência única, que todo mundo devia ter. Quero voltar outras vezes. Mas pra mim o lugar é mesmo aqui. Vale a pena ir lá fora, aprender, crescer, mas voltar pra cá e ,de alguma forma, usar o crescimento conquistado para ajudar o nosso país a ser mais rico do que já é.”

 

E vocês, acham que tem uma hora certa para fazer intercâmbio? Vamos conversar aí nos comentários 😉

Sobre o autor

Bruna Passos Amaral

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8 comentários em “Com que idade se deve fazer intercâmbio?”

  1. Eu tenho 14 anos não sei como fazer pra ganhar uma bolsa de estudo pra estudar FG ora do país conhecer novas culturas experiencias peço ajuda esse é meu sonho não penso em disisti

  2. Boa Tarde. Querido adorei teu post, ainda mais pq está falando que não existe idade certa para se ter uma experiência em outro País, tenho 34 anos e meu objetivo sempre foi sair ao mundo e conecer novas culturas, aprender uma língua…. Hoje mais do que os outros dias amanheci com uma vontade inebriante de viver novas experiencias! Me sinto um pouco que melancólica, pois às vezes acho que não conseguirei, porém já estou me preparando pra quem sabe em 2020 fazer um Pós graduação na França. De início estou juntando meu pé de meia e vou me inscrever em CENTRO ESTADUAL DE LÍNGUA E CULTURA FRANCESA DANIELLE MITTERRAND na minha cidade. O que vc acha? tá bom de início?

  3. Não temos hora pra nada a vida é curta! Temos que viver,seguir o coração e ir em frente,colocar a “cara” á tapa…. não devemos esperar pelo amanha se podemos fazer Hoje!! – desculpe falo mto – kkkkk

  4. Pois é tenho 15 anos sempre mantive essa ideia na cabeça desde os 9 é como se eu tivesse algo me esperando lá fora!!! Mais tá meio dificil conseguir bolsa penso em desistir de um dos meus maiores sonhos ou até mesmo o MAIOR….. mais não sei mais o que fazer kkkkkkkkk

  5. Então, eu tenho 12 anos e meu sonho é fazer um intercambio para Coreia do Sul, só que o problema é que meus pais não permitem que eu viaje para o exterior sozinha antes de fazer 18 anos, mas eu sei que um dia eu vou conseguir uma bolsa de estudos para Coreia do Sul 🙂

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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