Jet lag, assim você me mata

Sempre achei que jet lag era balela. Pois então, mais uma vez veio a vida e me fez dobrar a língua. (Pra quem não faz a mínima ideia a definição da Wikipédia pra jet lag é a seguinte: “é uma fadiga de viagem, é uma condição fisiológica que é uma consequência de alterações no ritmo circadiano”). Cheguei em Berlim quinta passada por volta de meio-dia. Desci no Schönefeld, peguei um ônibus um metrô e vim parar no apartamento onde morarei pelos próximos dias.

Aqui é super comum encontrar quartos/apartamentos pra alugar por uma temporada em sites como o WG-Gesucht. Procurei por um tempo, mas na real é meio cansativo, porque afinal tu fica trocando e-mails com um desconhecido, pedindo fotos do quarto ou apartamento e enchendo a criatura de perguntas. Acabei dando sorte porque a amiga duma amiga minha tinha um quarto livre no WG dela (em alemão, WG é a sigla pra Wohngemeinschaften,  que dá pra traduzir pra república ou qualquer coisa que o valha). Foi mais tranquilo aí, falei com ela por e-mail, ela me disse quanto ia querer pelo quarto e cá estou.

Moro com outros três alemães simpatissísimos. Dois recém entraram na faculdade e outro já tá fazendo doutorado e, assim como eu, alugou o quarto de um dos meninos que originalmente mora aqui, mas está no Canadá (ha ha ha) durante as férias da faculdade. Sim. Detalhe importante as férias da universidade aqui são agora e terminam lá pelo começo de abril. Quando cheguei, todos estavam em casa, fui devidamente apresentada e depois me levaram pro apartamento em cima do nosso, onde mais quatro amigo deles moram. Ou seja, é uma grande república 😛 meu vizinho de porta até português fala (Bruna e sua sina de sempre encontrar alemães que falam português. rá, mas isso não é nada se comparado com uma daquelas coincidências que só acontecem comigo que se passou mais pra frente).

Desde que eu cheguei, meu relógio biológico tá uma lo-u-cu-ra. Em algumas noites, deitei cedo e dormi absolutamente NADA. Em outras dormi até quatro da tarde. Ainda não me acostumei com a mudança de horário, MESMO. Isso significa basicamente que nos últimos dias a coisa que eu mais fiz foi bocejar. Se alguém aí tiver uma boa dica pra como curar o marvado do jet lag, me diga. Já tentei até reza brava e nada.

Óbvio que nesse meio tempo já saí algumas vezes. Logo na chegada, fui no Lido ver um concurso de bandas no qual os meninos do apartamento de cima tocaram e na sexta fui no Ritter Butzke com as colegas da Paulien (moça cujo quarto aluguei). Esse Ritter Butzke é um lugar BEM legal no meio de um monte de prédio comercial. Engraçado é que as gurias me ensinaram que na maioria das buatches famosinhas eles não deixam as pessoas entrar em grupos grandes. Sabe-se lá por que. O chute das meninas é porque pessoas em grupos grandes não dançam. De qualquer jeito, o lugar tinha uma decoração doidona com letras enormes que piscavam e guarda-chuvas pendurados no teto. O lugar parecia uma fábrica abandonada (muitos dos lugares aqui em Berlim tem essa “cara”). O mais engraçado é que o DJ da noite era o professor das gurias na faculdade de medicina. De qualquer jeito, é um lugar bem bom pra quem curte eletro e essas cousas. Na pista secundária (incrivelmente iluminada, era como se a gente tivesse na sala de casa), a vibe era outra. O DJ fez uns remix de Whitney Houstoun e tocou Jorge Ben. Genial os gringos tentando sambar. Sempre me divirto com isso. Não, não tocou Michel Teló, antes que alguém pergunte.

Mas sábado, quando todo esse pessoal que saiu comigo sexta passou aqui em casa antes de ir pra uma outra festa, eu tive o deleite abrir a porta do meu quarto e ver cerca de sete alemoas dos olhos mais azuis que as águas do Caribe cantando “aizeu tche pergo” aos berros. É pessoal, somos a terra da Garota de Ipanema e do “Zábadow na beladja”. Sacaram? Não tem mais volta. Todos os seres que eu encontrei aqui, sem exceção, sabiam balbuciar os versos de Michel Teló.

Amanhã finalmente começa meu trabalho no Tagesspiegel e assim que der tempo conto mais da minha maravilhosa experiência de três dias em um hotel tão chique que tinha até um AQUÁRIO no meio do lobby (obrigada, mãe Alemanha por gostar tanto de mim assim).

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quem dera ser um peixe……

Durante esses divertidos e ultra cansativos dias, eu descobri que eu (e nenhum dos outros latinos) tinha entendido direito como funcionaria a função toda aqui. Assim que essa minha fase “fluxo de consciência” passar, volto aqui e conto mais. Beijo, me liguem 😀

Sobre o autor

Bruna Passos Amaral

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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