Um fim de semana em Faro, Portugal - dia 1
Ah, o semestre de verão na Europa 🙂 Depois de meses de inverno, frio e chuva, finalmente chega o sol e o semestre acadêmico mais curto do ano. Não só porque ele tem cerca de quatro meses, mas também porque é simplesmente cheio de feriados. Tá aí a melhor hora para se programar e dar umas escapadelas de fim de semana. Em 2009, eu fui para Portugal pela primeira vez e adorei. Por isso, não pensei duas vezes quando vi uma passagem barata para passar um fim de semana em Faro, na região do Algarve. Não sei qual o objetivo de vocês quando viajam, mas o meu nessa empreitada era só um: descansar. Então vai aí, uma dica de roteiro tranquilão (dividido em duas partes) pra passar um fim de semana em Faro.
Faro: ensolarada e com um centro histórico levemente bonito.
Não é por nada que a região do Algarve se vende como “o segredo mais famoso da Europa”. A região litorânea é simplesmente linda e compreende o parque natural Ria Formosa, um complexo de lagoas protegido do mar por 60 Km de praia e dunas. Ao contrário do que se possa pensar, em Faro não tem praias para banho. A praia de Faro, que é a mais próxima, fica a 20 minutos de ônibus ou 30 minutos de barco. É só pegar o ônibus na Rua da República ou a balsa na marina.
Nessa viagem, a minha xará Bruna Scirea me acompanhou. Olhamos uns hostels, mas os preços tavam mais altos que os das pousadas e, por isso, optamos pela pousada Alecrihm. Por 15 euros por noite, ficamos num quarto duplo com sacada. O café da manhã é incluído – e honesto com pão, presunto, queijo, leite, café e bolachinhas – e eles têm uma cozinha equipada pros hospedes pra quem quer cozinhar. Como nosso tempo era curto e os preços de Portugal são beeeem mais em conta se comparados com o resto da Europa, a gente acabou só comendo fora mesmo e valeu muito a pena. A pousada era mega bem localizada, dava pra ir pra tudo a pé, e bem limpa. A vista do nosso quarto era essa 🙂
No nosso primeiro dia, partimos direto pra Albufeira. A praia – que fica a mais ou menos uma hora de distância de Faro – é um DOS points do Algarve. Além do mar com água transparente – e gelada – , a cidade tem um centro cheio de bares, restaurantes e lojinhas. O ônibus de Faro para Albufeira sai de hora em hora e custa por volta de 4 euros. É só chegar na estação principal (perto da Marina), comprar a passagem e ir. A gente não experimentou, mas dizem que a vida noturna aqui é forte. Durante a manhã, saímos andando pela cidade, comemos um pastel de nata pra iniciar. 😀
Pro almoço, a gente sentou em um dos restaurantes com vista pro mar e mergulhamos na culinária local 😛 e pedimos uma Cataplana. Cataplana é o nome da panela de cobre que eles usam para fazer o prato típico do Algarve de mesmo nome e que leva todos os tipos de frutos do mar possível (camarão, lagosta, marisco e mais coisas que eu nem sei o nome), tomate, batata, cebola e mais um monte de temperos. Vai tudo na panela côncava e cozinha por um tempão. Uma porção para dois custa entre 20 – 30 euros e, na real, serve três pessoas facinho. Eu e a Bruna aprovamos, mas tem também uma Cataplana de galinha pra quem não come frutos do mar 😉
Depois é só dar uma voltinha nas ruas sem carros do centro, comprar um vinho verde geladinho no mercadinho (os preços variam de 3 a 10 euros) e umas coisinhas para beliscar e rumar para praia.
A praia é linda, o único problema é que a água é super gelada. Assim, eu não arrisquei molhar mais do que os joelhos. Pelo que me contaram, a temperatura da água por lá nunca é das mais quentes, não. Então é melhor ir se acostumando com a ideia. Lá pelas seis da tarde, quando a gente já tava cansada de praia, demos uma volta no centro e paramos logo na entrada da praia, onde uma banda tocava hits dos 60 e 50 e povo dançava na rua. Ficamos ali um bom tempo ouvindo música e sem nos preocupar com a hora. GRANDE ERRO. 😛
Sempre que alguém me perguntava uma dica sobre Portugal, a minha resposta era a mesma: nunca confie no último ônibus. É um pouco de exagero, mas em 2009, durante uma viagem muito cheia de percalços por Portugal-Espanha-França essa passou a ser a minha “regra” de viagem. Depois de passar o dia na praia em Cascais, fomos para o Cabo da Roca (o ponto mais ocidental da Europa continental). O lugar é lindo: só mar, montanha e vento. O Cabo da Roca é descrito pelo Luís Vaz de Camões como o local “Onde a terra se acaba e o mar começa”, em Os Lusíadas. Pois bem, então lá fui eu com roupa de praia (leia-se short, biquíni, havaianas e camiseta) pra cima duma montanha só com o dinheiro do ônibus da volta e sem celular. Eu meu parceiro de empreitada resolvemos ir no antepenúltimo ônibus e voltar no último. Ambos nas condições descritas acima. Óbvio que nenhum de nós achou que pudesse ventar ou fazer frio em cima da montanha no meio do nada onde só tem um farol e uma lojinha, afinal, tava fazendo trinta e tantos graus. Chegando lá, encontramos uma vista incrível e um vendaval que nos fazia desejar ter levado um casaquinho. Checamos o horário do último ônibus e lá ficamos um bom tempo olhando a paisagem e tirando fotos.
Cerca de uma hora e tanto depois do horário em que o último ônibus deveria ter passado, lá estávamos nós e mais meia dúzia de gatos pingados congelados (o sol já tava se pondo), encolhidos, apavoradinhos e nada do tal do ônibus. Eu já tava enrolada numa canga, pensando em como fazer fogo, procurando abrigo, cogitando caminhar todo o caminho de volta, quando o ônibus me aparece e o motorista manda todo mundo subir rápido e sem pagar: “esqueci da última subida”, disse ele RINDO.
Depois dessa experiência de “quase abandono”, prometi pra mim mesma jamais confiar no último ônibus. E, sim, fiz isso até essa última viagem. Como era tão pertinho, esquecemos completamente de olhar o horário da volta. Assim, às 19h30min descobrimos que não tinha mais ônibus até Faro. O negócio seria ir até a estação de ônibus, pegar um ônibus até a estação de ~comboios~ (estação de trem, em bom português 😛 ) e de lá pegar o ÚLTIMO comboio até Faro.
Para colocar um pouco mais de aventura na nossa viagem portuguesa, com certeza, descobrimos que o ônibus chegava na estação de trem algo como três minutos depois que o trem partia. A gente riu da própria mancada e saiu pra rua ver se rolava uma carona. Cinco minutos depois, resolvemos tentar esse último ônibus pra pegar o último trem. Uma portuguesa estava furiosa com o motorista (que não arrancava nunca), pois ela estava na mesma situação. Quanto mais ela tentava argumentar com o motorista, mais devagar ele andava. Quando chegamos na estação tinha um trem parado. Perguntamos se era o que ia pra Faro, alguém disse que sim. Pulamos no trem mesmo sem bilhete. Depois, só falamos com o controlador e compramos a passagem dele mesmo. A moça portuguesa ficou em Faro, depois de brigar com o motorista, ela ainda foi na estação comprar o bilhete. Acho que quando ela conseguiu, o trem já tinha partido.
Resumo da história: nunca confiem no último ônibus!
E assim terminou nossa primeira parte – cheia de aventuras no Algarve. Depois vem a parte dois 😉
Sobre o autor
Bruna Passos Amaral
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Quem faz?
Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!
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3 comentários em “Um fim de semana em Faro, Portugal – dia 1”
Oi Vitor, sim! Fui ao Cabo da Roca em 2009. Então talvez as minhas informações estejam datadas. Mas tinha ônibus saindo de Cascais, que fica pertinho de Lisboa. Só não deixe pra voltar no último horário hehe
Adorei o post, irei para Faro em Setembro e ficarei um semestre estudando lá…estou muito ansiosa! Legal suas dicas, :*
Jéssica, ainda falta eu postar a segunda parte 🙂 e você vai adorar Faro, pode ter certeza! Se quiser escrever um relato sobre a tua experiência por lá é só entrar em contato :*