Conheça Ernesto Ferreira, o brasileiro selecionado para curso da ONU em Nova York
Em fevereiro deste ano, postei aqui uma chamada para um workshop da ONU em Nova York. O programa era uma parceria da EF (Education First) com a Aliança das Civilizações das Nações Unidas (UNAOC), o UNAOC- EF Summer School. Foram 75 mil inscritos do mundo inteiro o único brasileiro selecionado para curso da ONU foi Ernesto Ferreira, de 19 anos, de Porto Alegre. O estudante de engenharia civil vai para o workshop, que ocorre de 13 a 20 de junho, e do lado de outros 74 jovens de todo o mundo vai trocar experiências, melhorar as habilidades que ele já tem e debater novas ideias para resolver problemas globais.
O concurso procurava jovens destaque que desenvolvessem ações sociais que impactam nas comunidades onde vivem. Então, não é por nada que o guri foi selecionado! Apesar da pouca idade, o Ernesto é super engajado: ele é escoteiro, estuda engenharia civil na UFRGS, em Porto Alegre e faz parte da Lusco-Fusco, que desenvolve ações pontuais para gerar impacto na comunidades local, como a realização de uma gincana interescolar entre jovens do Ensino Médio de Porto Alegre. Além disso, agora ele também faz parte da Urban 3D, uma start up que quer usar impressoras 3D pra revolucionar a construção civil. Como a seleção foi suuuuper acirrada e muitos de vocês se interessaram pelo programa. Bati um papo com o Ernesto para saber mais da história dele e ir atrás de umas boas dicas pra vocês. Confiram:
Partiu Intercâmbio – O que motivou você a se inscrever no concurso?
Ernesto Ferreira – Porque eu quero entender mais dos problemas que vivemos com uma visão global. Quero entender como as pessoas veem seus e os problemas de outrem. E mais, entender como cada cultura pode gerar suas próprias soluções. É claro que o workshop ser gratuito e me dar a oportunidade mostrar meus trabalhos e sonhos também foram fatores super importantes para eu me interessar.
PI – Como foi a seleção e qual foi a parte mais difícil?
A minha situação durante a inscrição foi bastante cômica. Eu estava no meio do mato com 1h de bateria, sem carregador, no único ponto de WiFi que tinha no local e era o penúltimo dia para se inscrever. A seleção foi bastante simples, foram 10 perguntas de texto com um limite de caracteres. Respondi com cerca de quatro frases para cada pergunta. As perguntas eram sobre diversos temas: sobre mim, meu passado, no que aplicarei o aprendizado do workshop, como me relaciono com diferentes culturas, entre outras coisas. No fim, havia um teste para nivelar o meu inglês. A parte mais difícil foi quando eu terminei metade e fui salvar. Acabei clicando em enviar (para aquela parte) e não pude editar (ou melhor, não achei o botão). Por ser uma seleção bastante simples e ter um numero altíssimo de inscritos (75 mil), eu imagino que fui escolhido porque ou há um perfil muito claro buscado por eles. Acredito também que eles te pesquisam por outros meios e te analisam por lá também.
Ernesto trabalhando com o projeto Teto, em Curitiba
PI – O que você acha que pesou para eles escolherem você?
Ernesto – A quantidade e intensidade dos trabalhos que faço versus e minha idade. Sou o mais novo da Summer School, mas já realizei ações em sete cidades de três países com diversas organizações, já fundei uma organização que vem expandindo e recentemente fui selecionado para outro programa internacional: o Guerreiros Sem Armas.
PI – O que motivou você a começar com trabalho voluntário?
Ernesto – Por quê? A sociedade como está não me serve. O mundo como está não me conforta. Com meus trabalhos voluntários, fui acabando com as desculpas: não tenho coragem de dizer que não tenho tempo ao ver o quanto trabalham as mães nas favelas; não tenho a desculpa de dizer que não sou capaz com tanta oportunidade ao meu redor; não posso dizer que não tenho dinheiro quando existem plataformas de Crowdfunding. Então, comecei a botar a mão na massa e fazer algo pra fazer a diferença. E isso já faz parte de mim, sem esse trabalho não sou eu, não me sinto eu. Agora com a summer school, vou me cercar de uma grande e forte rede global de empreendedores sociais 😉
PI – Qual sua expectativa para o programa? Você já sabe como vai funcionar lá?
Ernesto – Ela é alucinadamente alta, eu mal durmo pensando nisso. Recentemente, recebi os emails com a programação e superou as minhas expectativas. Serão diversos workshops, palestras e conferencias focados em expandir horizontes. Teremos palestras de negócios com professores de Harvard, estaremos o tempo inteiro em contato com gente de todo o mundo e teremos alguns passeios divertidos pelos prédios da ONU, é claro! 😉
PI – Qual o impacto você acredita que o programa vai ter na sua vida?
Ernesto – Já está tendo. Por conta do workshop, fui selecionado para trabalhar na Urban3d, uma Startup brasileira que pretende usar tecnologia de impressão 3D para solucionar os problemas de moradia global em até 15 anos. Mas acho que o mais importante é que minha voz está sendo ouvida. Passei do louco que queria mudar o mundo com idéias bizarras ao cara que vai pra ONU e merece ser ouvido. Isso é incrível.
Ernesto com o projeto JuntoAl Barrio em, Vina del Mar, no Chile
PI – Quais teus planos pro futuro?
Ernesto – Meus planos são ajudar a Urban 3D a se desenvolver e desenvolver projetos com foco na tecnologia e inovação. Por conta disso, estou buscando uma oportunidade de intercâmbio ou transferência para alguma universidade mais atualizada e desenvolvida do que a que estudo em Porto Alegre. Pro futuro, só quero uma coisa: ser feliz vendo meus sonhos saírem do papel, vendo outros loucos alimentando minha “loucura”. Pretendo ter muita história para contar e ter desenvolvido projetos em toda a América e talvez até na África.
PI – Qual a tua dica pra quem está atrás de uma oportunidade de bolsa? O que ajuda um candidato a se destacar no meio de tantos inscritos?
Não olhe o número de inscritos, isso realmente não importa. Participei de uma seleção 1000 pessoas por vaga, eu acho que não teria me inscrito se soubesse disso, então só vai. A pessoa que está selecionando busca um perfil, informe-se sobre a seleção e mostre que você é o perfil que é buscado. Mostre o que só você fez, sendo grande ou pequeno. Sempre há algum projeto que te destaque da maioria, então mostre isso! As vezes é mais importante do que algo grande que todo mundo fez.
PI – E como você aprendeu inglês? Você fez cursos, teve aula na escola…?
Ernesto – Tive aulas de inglês na escola e passei por alguns cursos de inglês, isso me ajudou na base; depois aprendi lendo livros e vendo filmes. Mais recentemente estou crescendo muito por estar falando diariamente com pessoas do mundo inteiro e obrigatoriamente em inglês.
Legal, né? O Ernesto agora carrega o título de “único brasileiro selecionado para o curso de verão da ONU” entre 75 mil candidatos! Nada mal 🙂 Parabéns pra ele e vocês aqui: se inspirem no exemplo dele <3
Ah, se alguém curtiu algum dos projetos em que ele trabalha é só visitar o site do Ernesto.
Sobre o autor
Bruna Passos Amaral
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Quem faz?
Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!
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2 comentários em “Conheça Ernesto Ferreira, o brasileiro selecionado para curso da ONU em Nova York”
Oi Bruna, tudo bem? Então, estou concorrendo a uma bolsa pra Portugal pelo Santander. Passei na primeira fase, fiquei em 14º lugar entre os 25 selecionados, mas só ganham a bolsa os 10 primeiros colocados. Agora tem a segunda fase, que é redação + entrevista. Você tem alguma dica para me dar em relação aos possíveis temas de redação? Você acha que nessa fase dá pra subir e ficar entre os 10? Muito obrigada desde já! 😀
Lara, sobre os temas… não faço a menor ideia 😀 nunca fiz essa seleção. Mas nesse post, eu dei umas dicas sobre como escrever uma carta de motivação https://partiuintercambio.org/como-fazer-uma-carta-de-motivacao/ talvez te ajude em alguma coisa. Além disso, dá uma treinada em casa. Escrever com pressão do tempo não é fácil (não sei de que área você é), mas estruturar a redação bem para cada parágrafo ter uma ideia central é sempre útil. Fora isso, só posso te desejar boa sorte mesmo 🙂