Germânia facts ou as mentiras que os alemães contam

Certas coisas a gente demora para se dar conta. Essa é a terceira vez que estou na Alemanha para ficar um tempinho e digamos que precisei dessa semana intensa de viagem com o grupo do IJP por Leipzig, Weimar e Hamburgo elencar na minha cabeça uns aspectos peculiares dos queridos germânicos, assim, de uma forma mais… profunda.
Na los, o primeiro Alemanha facts ou as mentiras que os alemães contam:
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Da esqu. pra dir. Ramon, Nina e Heiko em Hamburgo



“É perto, leva uns cinco minutos caminhando”

Jamais na sua vida, acredite em um alemão quando ele disser essa frase e suas variantes. Assim como eles acham que os latinos vivem em “outro tempo” (afinal temos a linda fama de chegar sempre atrasados) eu digo aqui: a alemoada tem uma noção de tempo e distância absurdamente diferente realidade. Já tinha percebido mas demorei uma eternidade pra me dar conta. Sempre achei que fosse coisa da minha cabeça somada a minha tendência ao exagero. Acabei constatando que não.

Então sempre que alguém disser: leva quinze minutos a pé, pode apostar e preparar seu corpinho pra pelo menos meia hora de caminhada. O mais engraçado é que não importa qual a condição climática, eles curtem caminhar no vento, no frio, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapé. E mesmo que eles tenham um ticket de metrô já pago e válido… eles preferem caminhar.

Não posto isso aqui como uma reclamação. Acho bem mais interessante fazer passeios com as pernas e olhando a cidade do que feito toupeira embaixo da terra no metrô, mas não sei se é porque eles curtem tanto dar uma voltinha ou se a noção de tempo deles é outra. Não é por mal, mas eles nunca falam a verdade em relação a quanto tempo se leva até um certo lugar caminhando. E quando parei para pensar me dei conta que isso acontece sempre e não importa a idade deles.

A mesma teoria vale para quando eles dizem “vamos dar uma voltinha”. “Voltinha” pra eles deve significar algo como uma meia maratona, pode ter certeza. Lembro quando eu saía de casa em Düsseldorf com a minha “irmã” para dar uma “voltinha”. Eu voltava destruída e pronta para desmaiar na cama. Ah, até porque né, eles adoram se meter em mato.

Voltando ao presente, durante a viagem fizemos um experimento, toda vez que o Heiko (simpático e paciente alemão que nos acompanhou em toda esta jornada que terminou hoje) dizia “vamos caminhando, é pertinho, leva cinco minutos” a gente cronometrava. Levava, no mínimo, o dobro do tempo. Um pouco extremo, óbvio, mas provamos nosso ponto.

Outro bom exemplo foi quando numa quarta-feira fria aceitei sair com meus companheiros de apê porque o lugar era “perto, só quinze minutos a pé”. Quinze minutos levamos naquele passo “tirar o pai da forca”, afinal, até o meio do caminho. Mas como nem tudo na vida é só tristeza, a noite acabou sendo uma das mais incríveis que eu tive aqui. Fomos num bar completamente escondido em um lugar que, na verdade, tem corrida de kart. Teoricamente, pra entrar tem que ser sócio, mas o pessoal deu um jeito. Resumo da história, era um galpão enorme com sofás espalhados por todos os cantos e uma decoração de casa de vó cheia de fotos e quadros com molduras antigas e no palco tinha um trio com tuba, piano e saxofone.

Resultado, peguei um ônibus de volta pra casa ultra tarde e sono no trabalho no dia seguinte foi dureza. Se um alemão te convidar pra dar um “voltinha”, prepare-se pra uma boa caminhada, mas digo pra vocês que geralmente vale o “esforço” 😉

ps: esse texto foi escrito depois de sete dias de correria intensa e pouquíssimas horas de sono, perdoem qualquer lapso 🙂

Sobre o autor

Bruna Passos Amaral

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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