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FLTA na Towson: International Education Week e o Dia de Ação de Graças

O fim do semestre está chegando na Towson. E como em qualquer instituição, há turbulência e correria. Por sorte, para não se deixar cair por esse frenesi alucinado, tivemos um feriadão, o Dia de Ação de Graças, na última quinta-feira. Assim, as duas últimas semanas foram díspares. Na primeira, de 18 a 22, tivemos a Semana de Educação Internacional (International Education Week), em que o departamento de línguas estrangeiras promoveu várias atividades abertas à comunidade. A outra, por seu lado, foi a semana de um dos feriadões mais importantes aqui nos Estados Unidos, o Dia de Ação de Graça. Essa foi uma semana de excessos: fartura nas comidas, muito descanso e, como a sexta-feira foi Black Friday, um dia para consumir até o que não se precisa.

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Na International Education Week, as atividades que organizei foram regionalizadas. Chamei outros dois FLTAs gaúchos, Alencar (Universidade da Geórgia) e Maria (Universidade de Connecticut) para fazerem falas aqui na Towson. O Alencar abriu as atividades da semana fazendo uma palestra dia 18 sobre migrações contemporâneas no Brasil e Português como língua de acolhimento. Em sua fala, ele explicou um pouco sobre as políticas de migração brasileiras, além de conceitos relativos aos movimentos migratórios e à área da linguística aplicada que ajudaram a consolidar práticas de ensino/aprendizagem de português para estrangeiros em Curitiba/PR.

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Alencar falou um pouco de seu trabalho na UFPR através de um método freireano para acolher estrangeiros (principalmente haitianos e venezuelanos) através do ensino de Português

Já a Maria fechou a semana, na sexta-feira à tarde, com um bate-papo sobre poesia brasileira contemporânea. Além de declamação e análise de alguns poemas, ela mostrou alguns exemplos de performances poéticas e explicou como a poesia brasileira contemporânea se identifica em relação à forma e ao conteúdo. O público de sua fala basicamente foi quem estava passando nas mesas de línguas estrangeiras.

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Poesia, um gênero literário de resistência, também teve voz no dia das línguas estrangeiras.

Nesse dia, todos os professores representantes das línguas estrangeiras ofertadas na Towson (alemão, árabe, espanhol, francês, italiano, japonês, mandarim, português, russo e suaíli) se reuniram no 4º andar do prédio do College of Liberal Arts. Cada língua tinha uma mesa temática, onde se mostravam artefatos locais e aperitivos típicos para degustação dos alunos que ali passavam. A mesa de Português, infelizmente, estava pouco caracterizada. Não pude fazer brigadeiros porque a política da universidade não permite que façamos comida, porque caso alguém passe mal, a responsabilidade é nossa. Contudo, o que conseguimos foram alguns instrumentos musicais e Guaraná Brazilia, produzido no estado de Nova Jersey. O gosto lembra os guaranás do Brasil, mas bastante doce e com pouco gás comparado com outras marcas. Mesmo assim, ele fez sucesso, e até uma fila se criou depois que a fama se espalhou. Como estávamos ao lado da mesa italiana, o combo pizza com guaraná estava sendo descoberto pelos americanos.

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Jonathan, aluno de Português 102, eu e Maria tentando caracterizar a mesa de português ao som de pagodeira dos anos 90. Na hora da foto, os guaraná não havia chegado.

E para compensar essa semana de correria, na última semana de novembro tivemos um feriadão a partir de quarta-feira. A princípio eu estava planejando viajar, mas mudei de ideia de última hora. Foi ótimo, pois peguei um resfriado. Ninguém merece viajar doente. Nesse tempo de repouso fui pela primeira vez em uma farmácia e achei interessante que os medicamentos são divididos por sintomas: alergia, dor de cabeça, cansaço, gripe, tosse, etc. Por não ter um plano de saúde gratuito como o SUS aqui, e as consultas serem extremamente caras, talvez as pessoas acabam se automedicando bastante, o que explica essa divisão das seções.

A farmácia aonde fui era tipo um shopping. Medicamentos eram detalhes. Comida, brinquedos, lembranças, roupas e calçados também estavam à venda. Sintomas ou efeitos do consumismo? No Brasil algumas já estão se encaminhando para isso também.

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Com o xarope em mãos, pude ir sem medo à janta de ação de graças. Fui gentilmente convidado pela professora Mubina, do departamento de educação, para comer em sua casa com a família indo-queniana. Esse é aquele banquete tradicional de filme americano com um peru como prato principal e uma infinidade de outras comidas e sobremesas. Era uma fartura. Isso porque o Dia de Ação de Graças tem uma relação íntima com a colheita, pois novembro é a época da principal safra nos Estados Unidos.

No entanto, nem tudo são flores na história do Thanksgiving. Logo que cheguei, já me contaram que o Dia de Ação de Graças que começou em Massachusetts no século XVII. A história oficial é que nesse dia se celebra a união dos Pilgrims, colonizadores britânicos, com os povos nativos. No entanto, alguns povos se recusam a celebrar esse dia, o que tornou o dia – oficialmente em 1970 – o dia do luto, ou Unthanksgiving, pois os colonizadores britânicos dizimaram parte dos indígenas nativos. Então, o Dia de Ação de Graças é mais uma data de reflexão que celebração.

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Antes de iniciarmos a janta, cada um teve que fazer uma fala sobre seu dia e por que estávamos gratos naquele momento. Apesar de haver já comida suficiente, muitos dos convidados foram com um prato de comida. Eu não fui diferente e levei alguns brigadeiros, que fizeram sucesso principalmente com a criançada. Dentre as comidas que mais gostei, um molho de cranberry para comer com o peru e uma sobremesa de Bangladesh, feita com massa cabelo de anjo cozida no leite condensado e finalizada com frutas secas, nozes e amêndoas.

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Eu, Dora (FLTA de suaíli) e professora Mubina na noite de ação de graças.

Na reunião da família Kirmani me senti em casa. Muita gente, falação, comilança, muito doce e cantoria. Me perguntaram bastante sobre o Brasil, em relação às pessoas, ao clima e aos costumes. Ainda que ficaram rindo do absurdo da política atual brasileira, muita gente mostrou interesse em conhecer o Brasil. O nosso povo continua com uma imagem de pessoas sociáveis, acolhedores e receptivas. E que faz comida ótima.

Na próxima coluna, será o último texto do semestre letivo. Até lá.

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Sobre o Autor:

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João Pedro Amaral é professor de inglês e literatura em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul. Seu projeto de letramento audiovisual para alunos de escolas públicas foi vencedor do 11o prêmio professores do Brasil na categoria ensino médio da região sul do Brasil e o levou para conhecer o sistema de educação no Canadá. Em 2019/2020, João vai passar um ano letivo dando aulas de português na Towson University, nos Estados Unidos, com bolsa do programa FLTA da Fulbright.

 

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Sobre o autor

João Pedro

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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