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FLTA na Towson: As cores do outono e a introdução à sofrência

Logo que cheguei aqui na Universidade de Towson para o intercâmbio nos EUA, estranhei que os semestres levam os nomes das meias-estações. Estava acostumado apenas com 1º e 2º semestre. Agora, por exemplo, estamos no meio do semestre de outono de 2019, e o próximo será o semestre da primavera de 2020. Confesso que achei poético.

Bolsas nos EUA

Talvez essa escolha seja porque as estações são muito marcantes. A paisagem daqui da cidade, então dominada pelo verde, repentinamente foi colorida por tons amarelo, laranja, marrom e vermelho. Estou impressionado com a beleza de algumas árvores, principalmente aquelas cujas folhas ficam multicoloridas. Estou praticamente me tornando o tiozão das plantas.

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Tons outonais. E, claro, folhas caindo no quintal.

Junto com as novas cores, tem muitas folhas secas nas calçadas. Volta e meia vejo um pessoal com uma máquina portátil que, através de ar comprido, sopra as folhas para facilitar a limpeza. O aparelho se chama Leaf Blower (soprador de folhas). Aí que descobri que aqueles morros de folhas do desenho do Snoopy são totalmente reais.

Também é no outono que aqui nos Estados Unidos muita gente comemora o Halloween. O dia oficial foi na última quinta-feira, dia 31 de outubro, mas desde o início do mês já havia algumas casas decoradas: fantasmas, abóboras, bruxas, esqueletos e teias de aranhas eram os adereços mais comuns. Conhecido no Brasil como Dia das Bruxas, o Halloween é uma festa celebrada majoritariamente por países anglófonos. Essa data tem origens na Irlanda, e era a comemoração da véspera do ano novo do calendário celta. Embora primordialmente o Halloween era uma festa pagã, a data foi cristianizada, já que havia um sincretismo com a véspera do Dia de Todos os Santos. A fusão dessas culturas difundiu o Halloween como conhecemos hoje.

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Muita criatividade na decoração

Foi interessante ver todos esses símbolos do Halloween ao vivo, pelos bairros da cidade. Além da decoração tradicional, jack-o’-lanterns (abóboras esculpidas na parte de fora com luzes dentro), crianças fantasiadas com motivos de terror carregando baldinhos ou carrinho de supermercado para pedir doces ou travessuras e projeções de luzes no céu. Infelizmente aqui em Towson teve um temporal no meio da noite, o que diminuiu a participação das crianças famintas por doces.

O Halloween na universidade foi discreto. Poucas decorações ou eventos. O principal, contudo, foi o Halloqueer, no dia 01 de novembro, promovido pela organização LGBTQ+ da universidade. No dia 31 no campus, só vi um estudante vestido de jacaré. Eu não usei fantasia, mas como lembrança comprei um par de meias roxa e preta, com morcegos e abóboras.

>>> Veja mais relatos de intercâmbistas

Feminejo é mais pop que samba

Mudando totalmente de assunto, na semana passada preparei uma aula sobre feminejo para minhas duas turmas (Português 1 e Português 2). Estava super curioso pela recepção da aula, já que alguns alunos me falaram que gostam muito de divas pop brasileiras, como Anitta e Pabllo Vittar. Eu já havia preparado aulas sobre samba e bossa nova, mas as impressões foram de músicas com letras tristes, mas um ritmo dançante (no caso do samba)

As impressões gerais do feminejo nas duas turmas foram antagônicas. Uma turma não deu muita bola. Afirmaram que o sertanejo era mesmo country music americana e Fifth Harmony se parecia estética e musicalmente com Simone e Simaria. Por outro lado, a outra turma saiu da aula cantando Naiara Azevedo: “Eu gosto disso!”. Em questão de minutos, os alunos já estavam utilizando gírias de uma das músicas cuja letra discutimos em sala.

Por mais que Tom Jobim tenha flertado com a língua inglesa, as divas da sofrência cativaram mais os estudantes.

>>> Morar fora e sair do Brasil não são a mesma coisa

Pagamento adiantado para professores

No programa FLTA, cada participante recebe seu benefício dependendo do lugar onde está alocado. Além do plano de saúde que todos possuímos, algumas universidades, como já expliquei, podem incluir moradia e plano de alimentação, o que acaba diminuindo o salário. A fonte de recebimento também varia: alguns recebem apenas de sua instituição; outros, do IIE (Institute of International Education), organização de fomento educacional para projetos governamentais e privados. Há ainda quem receba das duas instituições, como eu.

O pagamento proveniente da universidade acontece pontualmente a cada duas semanas (frequência muito comum aqui nos EUA). Já a transferência do IIE acontece no primeiro dia de cada mês. Porém, percebi que no primeiro mês recebi com adiantamento. Achei que era um caso isolado.

Não era. Pela terceira vez, recebo com antecedência: agora, mais de uma semana. É algo com o qual não estou sabendo lidar, já que passei mais de 3 anos recebendo parcelado do governo do estado do RS.

Todas as bolsas

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Na Filadélfia, a praça também estava decorada com motivos de Halloween

 

Sobre o Autor:

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João Pedro Amaral é professor de inglês e literatura em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul. Seu projeto de letramento audiovisual para alunos de escolas públicas foi vencedor do 11o prêmio professores do Brasil na categoria ensino médio da região sul do Brasil e o levou para conhecer o sistema de educação no Canadá. Em 2019/2020, João vai passar um ano letivo dando aulas de português na Towson University, nos Estados Unidos, com bolsa do programa FLTA da Fulbright.

 

 

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Sobre o autor

João Pedro

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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