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Como é estudar um semestre na Espanha?

Muitos estudantes sonham em estudar um semestre na Espanha durante a graduação. Não é por nada que as bolsas do Santander para fazer isso bombam de inscrições todos os anos. No entanto, o que muita gente não sabe é que, para fazer um intercâmbio na Espanha durante a faculdade, o primeiro passo é procurar oportunidades de mobilidade acadêmica dentro da sua própria universidade. Para falar mais sobre o assunto, convidei a Jéssica Matias para escrever aqui pro blog. A Jéssica se formou em Direito na Universidade de Brasília e durante a faculdade, durante a graduação, ela arrumou as malas e partiu num semestre de intercâmbio acadêmico na Espanha.

Oportunidades em Direito

Foram seis meses em Sevilha, capital da comunidade autônoma da Andaluzia. A universidade escolhida para o semestre na Espanha foi a Universidad de Sevilla (US), terceira maior universidade espanhola por número de estudantes e a principal universidade pública da Andaluzia. A instituição foi fundada em 1505 e é uma das mais antigas da Espanha. Como a Jéssica tem um perfil muito legal no Instagram sobre questões jurídicas e lifestyle, o Tempo de Advogada, convidei ela para falar da experiência na Espanha e também sobre o mito de que estudante de Direito não pode fazer intercâmbio. Confiram:

Como estudar um semestre na Espanha

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Jéssica na Plaza de España em Sevilha

“Desde que entrei na faculdade eu já tinha o objetivo de estudar no exterior e, mesmo com todas as restrições que escutamos por ser estudantes de Direito, nunca deixei de pesquisar (inclusive eu sempre acompanhei o Partiu Intercâmbio) e fui percebendo que existem sim várias oportunidades para quem é da área jurídica.

Em uma dessas pesquisas, descobri que a Assessoria Internacional da minha universidade tinha um programa de intercâmbio de mobilidade acadêmica que acontece todo semestre. As parcerias preveem que os estudantes de intercâmbio não pagarão pelo aprendizado na instituição anfitriã. Por outro lado, cabe ao estudante arcar com os custos de ida e de manutenção no exterior. Assim, resolvi aplicar e hoje posso dizer que estudar um semestre na Espanha foi uma das melhores experiências da minha vida, tanto pessoal como profissionalmente.

>>> Só quem tem nota 10 em tudo pode fazer intercâmbio?

Escolhi estudar um semestre na Espanha pelo idioma. No meu programa de intercâmbio, você escolhia inicialmente o idioma para depois, de acordo com a sua classificação, escolher o país e a universidade entre as opções daquela língua. Minha primeira ideia foi escolher um país de língua inglesa, mas como não haviam muitas opções de países conveniados, escolhi espanhol, que tinha muitas opções de cidades na Espanha e em países da América do Sul.

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Mãe e filha de roupas de flamenco durante a famosa Feira de Abril

Por que estudar um semestre na Espanha?

Eu já havia estudado a língua um período durante o ensino médio e sido aprovada no nível B1 do DELE (que é o diploma fornecido pelo Ministério da Educação da Espanha), então conseguiria preencher o requisito de conhecimento mínimo da língua para me inscrever. Apesar de ter estudado 3 anos de espanhol, só me inscrevi uns 5 anos depois de fazer o DELE (não tem prazo de validade). Na prática eu não lembrava de muita coisa do espanhol, mas agradeci por ter feito essa prova e ter tido a oportunidade de utilizar isso no intercâmbio.

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Jéssica no Real Alcázar de Sevilla

Pesquisei sobre as universidades e vi que a Universidade de Sevilha era mais forte nas minhas áreas de estudo (trabalho e seguridade social). Em segundo lugar, queria uma cidade menor, menos cosmopolita, para conhecer o estilo de vida mais tradicional e autenticamente espanhol, que é o forte da região andaluz. Apesar de ser a quarta maior cidade da Espanha, com mais de 700 mil habitantes, comparada à Brasília, que tem 3 milhões, me senti morando em uma cidade pequena. Outro ponto positivo é o custo de vida, que é mais barato que outras cidades espanholas.

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Culturalmente falando, Sevilha é um dos lugares mais ricos da Espanha, com forte herança árabe, presença de tradições espanholas como o flamenco e as touradas e de grandes festas populares, como a Semana Santa e a Feria de Abril, que tive a maravilhosa oportunidade de poder presenciar.

Quanto custa estudar um semestre na Espanha

Eu não tive bolsa então precisei arcar com os custos de estudar um semestre na Espanha porque a única coisa que a parceria entre a minha universidade e a de Sevilha previa era a isenção de custos pelos estudos na instituição anfitriã. Assim que entrei na faculdade, comecei a estagiar em escritórios de advocacia e a juntar o dinheiro do estágio. Consegui juntar o suficiente para pagar metade do intercâmbio e os meus pais me ajudaram com o resto. Tive de arcar com todos os gastos de ida e de estadia do meu semestre na Espanha. Alguns amigos brasileiros que conheci em Sevilha que conseguiram a bolsa Ibero-Americana do Santander, que ajudou mas que todos disseram não ter sido suficiente.

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A Jéssica aproveitou o intercâmbio para viajar. Na foto, ela está em Granada

A média do custo de vida em Sevilha para quem vai estudar um semestre na Espanha é de aproximadamente 700 euros por mês, incluindo apartamento e os gastos com alimentação, transporte, etc. Tenho amigos que viviam com 600 e outros que viviam com mais de 1.000. Aí depende se você vai querer viver com mais ou menos luxos, morar no bairro mais caro ou em um local mais econômico, viajar muito ou pouco.

>>> Dicas para economizar para fazer intercâmbio

Sevilha é uma cidade universitária, então a noite é movimentada, com muitos intercambistas. Existem vários programas de integração, que organizam viagens e festas. Tem moradia estudantil, mas é cara, então na prática valia mais a pena dividir um apartamento na cidade.

Como escolher as matérias do intercâmbio acadêmico na Espanha

No site da USevilla, constavam várias matérias, porém quando cheguei lá na Universidade descobri que nem todas eram ofertadas todos os semestres. Na verdade, a oferta era bem pequena, e as matérias que eu realmente tinha me interessado ou não estavam disponíveis ou eram anuais e eu não poderia fazer porque só ficaria lá um semestre. No final das contas me matriculei em 4 matérias: 3 de Direito + espanhol. As de Direito foram “Direito Internacional Público da União Europeia” (Internacional), “Federalismo e Estado Autônomo” (basicamente era Constitucional) e “Tratamento Psicológico da Delinquência” (Criminologia). Fiz espanhol nível B2 porque apresentei meu diploma DELE B1. Os outros alunos estrangeiros que quiseram fazer espanhol e que não tinham o diploma tiveram que prestar um exame para verificar o nível de cada um. Do meu semestre na Espanha, consegui aproveitar a matéria de Direito Internacional Público, e as outras duas aproveitei como optativas.

>>> Como validar diploma do Exterior no Brasil

Diferenças de estudar direito na Espanha e no Brasil

A diferença de estudar direito no Brasil e na Espanha começa no fato de lá outro ordenamento jurídico do que no Brasil. Estamos lidando com leis e regras distintas e um sistema totalmente diferente. A Espanha é uma monarquia parlamentarista, diferentemente do Brasil, que é uma república presidencialista. Enquanto estudantes de Direito, temos que observar e aprender com a experiência dos outros países, ver o que funciona e tentar adaptar para a nossa realidade.

Durante meu semestre na Espanha, notei uma grande diferença no sistema de avaliação e na metodologia de ensino. Aqui no Brasil eu tinha várias provas e trabalhos durante o semestre. Lá você podia escolher: ou fazia trabalhos semanais e era dispensado da avaliação ou fazia somente uma prova ao final do semestre. Na prática, o sistema brasileiro nos força a estudar mais. Por outro lado, na Espanha existe mais liberdade acadêmica.

>>> Fui aceito sem bolsa, e agora?

Com relação ao ensino, achei o nível em Sevilha mais tranquilo, talvez até um pouco mais fraco. O ensino do Brasil, na minha opinião, é mais puxado e mais difícil. Aqui os alunos são mais interessados, mais participativos, mais competitivos, mais estimulados a estudar. O nível das discussões é mais elevado. Lá não vi tanto interesse, interação e esforço.

Em compensação, a estrutura da universidade de Sevilha é muuuuito melhor do que das universidades brasileiras. Eu percebi essa diferença e todos os meus amigos brasileiros de outras cidades também. Também notei que os estudantes sevilhanos não são tão abertos aos estudantes estrangeiros como eu vejo que somos aqui no Brasil. Lá eles já têm seus grupinhos “fechados”, não fazem muita questão de interagir com quem é de fora, então os intercambistas acabam fazendo amizade com outros intercambistas.”

Recomendo estudar um semestre na Espanha para quem quer abrir a cabeça, expandir sua visão de mundo pessoal e profissionalmente, ter ideias, aprender a ser independente e a correr atrás dos seus objetivos.”

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Jéssica Matias é de Brasília e tem 26 anos. Jéssica é advogada especialista em Direito Previdenciário, Conselheira Jovem da OAB/DF e administradora do perfil @tempodeadvogada no Instagram, onde ela dá dicas maravilhosas sobre direito e estilo.  Durante a faculdade, Jéssica arrumou as malas e partiu para um intercâmbio acadêmico de 6 meses em Sevilha, capital da comunidade autônoma da Andaluzia, na Espanha.

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Sobre o autor

Bruna Passos Amaral

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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