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Ganhador do concurso de redação da ONU dá dicas sobre a seleção

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Leonardo Alves em seu discurso na ONU em 2016

 

O concurso cultural da ONU que dá uma viagem para Nova York com tudo pago, o Many Languages, One World, é nada menos que uma das bolsas mais concorridas do ano. O Leonardo Alves, de 25 anos, foi um dos brasileiros ganhadores em 2016. O estudante do terceiro semestre de Relações Internacionais, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), no Rio Grande do Sul, escreveu seu texto em espanhol e nos contatou para contar mais detalhes da seleção.

Bolsas da ONU

Como vocês sabem, a proposta do concurso é a de unir jovens estudantes de todo o mundo que tenham aprendido algum dos idiomas oficiais da ONU por conta própria. Por isso, somente pessoas que não tenham inglês, espanhol, árabe, russo, chinês ou francês como língua materna ou que não tenham tido a maior parte da educação escolar (Ensino Fundamental e Médio) nestes idiomas podem participar. O Leonardo, por exemplo, aprendeu espanhol porque cursou metade do curso Letras-Português/Espanhol na universidade e morou seis meses no México, por conta do programa de Bolsas Ibero-Americanas do Santander Universidades. Então, relaxem, ter tido espanhol como matéria na escola não exclui vocês da competição. Isso só acontece se vocês tiverem feito a escola inteira em espanhol por qualquer motivo.

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Detalhes sobre o texto vencedor

Todos os anos 60 redações são selecionadas. Em seu texto, Leonardo abordou a diversidade das línguas e o quanto um idioma reflete diferentes aspectos culturais de seus falantes, como construções sociais, convenção de visão de mundo e como isso contribui para a construção do entendimento entre as pessoas e dos povos.  “Aproveitei o texto para redigir sobre a morte das línguas indígenas que, sem nenhum tipo de registro em dicionário ou gramática, acabam desaparecendo e, com isso, todos perdemos visões de mundo que poderiam contribuir na resolução dos problemas que enfrentamos”, conta o gaúcho. Leonardo citou ideias dos linguistas Saussure e Benveniste para discutir suas ideias e dados fornecidos pela UNESCO.

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É importante saber que não há um formato específico de texto exigido por eles. “Há quem relacione a habilidade multilíngue com feminismo, com questões migratórias e refugiados, com meio ambiente. É interessante que o candidato escreva sobre aquilo que ele realmente vivencia e tem afinidade”, alerta Leonardo.  “Meu texto não foi impecável, a cada nova leitura que eu fazia dele, após a submissão, encontrava erros que aprendemos no início dos estudos de espanhol”, completa. Afinal, o concurso está mais atrás de pessoas que saibam se comunicar, refletir, argumentar e fazer conexões do que de pessoas que falem o idioma de forma perfeita.

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Dicas para a entrevista

Algumas semanas depois do fim das inscrições, candidatos selecionados para a rodada de leitura são contatados por email e precisam enviar documentos que comprovem seus dados: atestado de matrícula em uma universidade, cópia do histórico escolar para comprovar você não cursou a escola no idioma em que escreveu o texto, cópia passaporte  e a carta de recomendação de um professor em papel timbrado da universidade. Após a análise dos documentos, os finalistas são contatados e passam por uma entrevista via Skype.

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A entrevista do Leonardo foi em espanhol com a coordenadora do time espanhol. Segundo o Leonardo, a organização do concurso, além de agendar tudo certinho, ainda manda recomendações de como preparar o ambiente para que a entrevista corra bem com dicas de iluminação, qual distância da câmera você deve ficar e dicas básicas como “escolha um local silencioso para entrevista”, etc. Então, se você passar para a última  fase da seleção, seja esperto: prepare-se para a entrevista.

Como se preparar? Leia sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da agenda para 2030 da ONU, revise seu texto e saiba  argumentar sobre cada ponto dele. Leonardo ainda dá uma outra dica valiosíssima: pesquise sobre o trabalho de quem vai fazer a entrevista com você! “Também é interessante reviver o aprendizado do idioma e refletir o que isso significa para a tua vida. A chamada de Skype que tivemos durou pouco mais de 30 minutos e foi bastante agradável”, comenta o estudante.

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E como é a programação?

O ritmo é intenso e todo mundo acorda super cedo durante o programa. Então é importante estar pronto e disposto para aproveitar tudo ao máximo. Após elaborarem seus projetos e discursos durante dois dias, os participantes passam o dia ensaiando as apresentações junto com outros grupos por idioma. “Nossa tarefa quanto grupo era elaborar um projeto sobre o tema 15 dos ODS para 2030: “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade”, conta. E óbvio, a responsabilidade de fazer parte de um evento tão importante tira um pouco o sono: “na noite que antecedeu o discurso na ONU eu mal dormi, fiquei até tarde ensaiando no meu quarto e tentando decorar minha fala”, conta Leonardo.

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Sobre o discurso em si, Leonardo lembra que “o momento é indescritível. Estava bastante nervoso: mão gelada, coração a mil, boca seca. Mas no fim, a gente percebe que está num ambiente cheio de pessoas na mesma situação e com um mesmo propósito: um mundo melhor”. Aqui vocês podem ver o discurso do grupo de espanhol para ter uma ideia melhor de como tudo ocorre lá. Todos os participantes ainda conheceram o prédio da ONU, almoçaram onde os embaixadores de verdade almoçam e carimbaram o passaporte no território internacional que é a sede da ONU. Além disso, rolam passeios pela cidade organizados pelo programa para que ninguém saia de NY sem ver um pouco da cidade e sem tirar umas fotos clássicas, claro 🙂

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Importante saber sobre o concurso de redação da ONU

A programação é super intensa e você vai conviver com gente de todo o mundo, por isso,  é indispensável ter cabeça aberta e saber respeitar as diferenças. Segundo Leonardo, só no grupo de espanhol, haviam representantes do Brasil, Croácia, Uganda, Austrália, Irlanda, China, Quênia, Sérvia e Índia.

Passagem, transporte, acomodação e alimentação estão cobertas no programa, mas é importante saber que custos com visto ou compras pessoais não são pagas pela ELS. Apesar do concurso contemplar outros idiomas, saber inglês é importante porque todas informações gerais são passadas em inglês. O Leonardo nos contou ainda que, apesar de terem ganhado a competição, nove pessoas tiveram o visto negado para participar do encontro em 2016. Ele ainda dá uma dica de uma simpática tradição entre os selecionados “é bacana levar lembrancinhas do teu país para trocar/presentear os outros participantes, não deixem essa tradição morrer” 🙂

O prazo de inscrição deste ano vai até 16 de março. Você pode ver mais detalhes do concurso aqui no Partiu, óbvio!

Todas as bolsas

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Sobre o autor

Bruna Passos Amaral

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5 comentários em “Ganhador do concurso de redação da ONU dá dicas sobre a seleção”

  1. A dúvida que tenho sobre o programa “Many Languages, One World”: não falo nenhuma língua, só o português. Posso me inscrever?

    1. Oi Diego! O concurso premia apenas os estudantes universitários que falam um dos 6 idiomas oficiais da ONU: inglês, espanhol, francês, árabe, mandarim ou russo. É preciso escrever um texto em uma dessas línguas para se inscrever, além de toda a comunicação ser feita através desses idiomas lá em Nova York.

      1. Camila Vasconcelos Moura

        Leonardo, parabens!!! estou eu aqui as 4 da manha lendo essa materia e sonhando com uma oportunidade como essa!

        1. Leonardo Alves

          Muito obrigado, Camila! Esse concurso tem ocorrido anualmente desde 2014, vale a pena se preparar e participar dele. É uma experiência incrível que abre muitas portas. Sem deixar de mencionar que a proposta deles é bastante pertinente: aprender um novo idioma nos torna mais tolerantes e, consecutivamente, mais receptivos às diferentes culturas, contribuindo na nossa formação como cidadãos. 🙂 Boa sorte na realização desse sonho. Abraços!

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Quem faz?

Bruna Passos Amaral é jornalista, viajante, entusiasta da educação e apaixonada por idiomas. Na bagagem, são nove intercâmbios – dois nos Estados Unidos, seis na Alemanha e um na Finlândia – e passeios por diversos países. Participe, mande relatos, perguntas ou sugestões. Os comentários no site são sempre respondidos!

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